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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Serra dirá que PT despreza instituições
Em discurso no lançamento de sua candidatura, tucano deve enfatizar a importância da ética, sem citar casos
Presidenciável chega à
convenção sem escolher
candidato que será o vice em sua chapa; PP
desencoraja assédio
DOS ENVIADOS A SALVADOR
Em mais um confronto
com o PT, partido da adversária Dilma Rousseff, o tucano José Serra insistirá na
exaltação de valores e princípios éticos hoje no lançamento oficial da candidatura
à Presidência da República.
Segundo interlocutores,
Serra enfatizará a importância do respeito à democracia,
numa tentativa de colar no
PT a imagem de descaso com
as instituições democráticas.
Em meio às denúncias de
produção de dossiês contra o
PSDB, o discurso deverá endossar a estratégia de associar Dilma ao sectarismo.
Mas, na intenção de ser
atemporal, não deverá citar
casos pontuais nem nomes.
Disposto a humanizar o
discurso, Serra contará mais
uma vez sua trajetória, a origem humilde na Mooca, para
oferecer o currículo ao PSDB.
A intenção é se apresentar
como capaz de garantir desenvolvimento. Numa fala
voltada ao Nordeste -região
onde vai pior, nas pesquisas- o candidato condenará
o desequilíbrio regional.
O discurso deverá se inspirar no que fez na sua despedida do governo, ao pregar a
honra e o caráter na política,
mas incluir dados biográficos e promessas de investimentos, especialmente em
projetos de infraestrutura.
A pedido de Serra, seus
principais colaboradores levantaram números que amparem a tese de que a falta de
infraestrutura emperra o
crescimento contínuo da
economia brasileira.
A essência do raciocínio é
que a alta taxa de juros é uma
consequência, adotada para
desacelerar a economia e evitar a volta da inflação.
Ao relatar sua biografia,
Serra reforçará o discurso de
que foi incentivador dos fundos de desenvolvimento regional, além de medidas como grandes obras hídricas
no Nordeste. A ideia é tornar
mais nacional a imagem do
ex-governador paulista.
Uma das prioridades de
sua campanha, o combate às
drogas também deverá ser
abordado no discurso.
Depois de citar Guimarães
Rosa ao deixar o governo,
Serra deverá recorrer a um
autor baiano na sua fala.
Para evitar ataques violentos a Lula e Dilma no reduto
adversário, o tucano sugeriu
que fosse reduzido o número
de aliados escalados para
discursar no evento. O tempo
dos demais discursos também deverá ser menor. São
esperadas 4.000 pessoas.
SEM VICE
Ainda ontem à noite, Serra
se dedicava à redação do discurso, programado para a
tarde de hoje em Salvador.
No evento, num clube da
capital baiana, cerca de 600
delegados votarão três pontos: indicação de Serra como
candidato do partido, autorização para a Executiva escolher o vice; e autorização para se coligar com outras siglas, além das atuais aliadas.
Os pontos são uma demonstração de que o PSDB,
apesar de desencorajado pelo comando do partido, ainda torce por uma aliança com
o PP. Ao deixar as portas
abertas, os tucanos, ao menos, tentam impedir que o PP
se alie formalmente a Dilma.
O próprio comando do PP
informou ao PSDB as dificuldades de consolidação de
aliança. Com isso, cresce a
chance de uma alternativa
caseira para a vice, como a
escolha de Álvaro Dias (PR).
(CATIA SEABRA, BRENO COSTA e SILVIO NAVARRO)
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