São Paulo, domingo, 12 de junho de 2011

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Aprovação de Dilma resiste à sua primeira crise política

Porém, imagem da presidente piorou e eleitores estão pessimistas com economia

Apesar de não ter afetado a aprovação do governo, o caso Palocci foi prejudicial, segundo 60% dos brasileiros

FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO

A crise que levou à demissão do ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil) na terça passada e a alta da inflação no país não tiveram impacto negativo na aprovação do governo Dilma Rousseff.
Mas a imagem pessoal da presidente piorou e os brasileiros estão mais pessimistas com os rumos da economia, especialmente com o comportamento da inflação.
Mesmo sem ter afetado a aprovação geral do governo, o caso Palocci foi prejudicial para Dilma, acreditam 60% dos brasileiros.
Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 9 e 10 de junho, 49% dos entrevistados consideram a gestão Dilma como ótima ou boa.
No último levantamento, de março, eram 47%.
A margem de erro da pesquisa, que ouviu 2.188 pessoas em todo o país, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Houve queda na avaliação de Dilma somente entre os brasileiros que têm ensino superior. Entre os que não passaram do fundamental ou do médio, a aprovação ficou estável ou aumentou.
Já a imagem da presidente piorou em três dos quatro aspectos pesquisados, particularmente em relação à sua capacidade de tomar decisões. A imagem de "decidida" de Dilma caiu 17 pontos, de 79% em março para 62% no levantamento de agora.
Dilma levou três semanas para demitir Palocci depois de a Folha revelar que o patrimônio do ministro havia aumentado 20 vezes em quatro anos. O fato deflagrou a maior crise política do governo da presidente até agora.
Houve queda também entre os que consideram Dilma "muito inteligente" (85% para 76%) e "sincera" (65% para 62%). A imagem de "autoritária" também diminuiu. Caiu de 44% para 41%.


ECONOMIA PREOCUPA
Em relação à economia, houve piora generalizada nas expectativas. A queda é maior entre os mais pobres.
Hoje, a maioria (51%) diz acreditar que a inflação vai continuar subindo. Em março, só 41% apostavam nisso.
Houve também queda de dez pontos percentuais (de 43% para 33%) no total dos que acreditam que o poder de compra vá aumentar.
Entre os brasileiros que ganham só até cinco salários mínimos (R$ 2.725) a percepção de piora nas expectativas de inflação cresceu mais rapidamente do que entre os que recebem acima disso.
É nessa faixa mais pobre da população que a inflação provoca mais estragos, pois ela costuma comprometer quase toda a renda com despesas mensais, principalmente com alimentação.
A pesquisa mostra também que aumentou de 27% para 32% o total dos que consideram que o desemprego vai crescer daqui em diante.
Os últimos meses foram marcados por um conjunto de notícias negativas na economia: a inflação subiu mais do que o esperado, o rendimento real dos trabalhadores encolheu e os custos de empréstimos ao consumo subiram (enquanto os prazos de pagamento encolheram).
Apesar de a maior parte dos brasileiros achar que a economia vai melhorar (42%) ou ficar como está (37%) nos próximos meses, o índice dos que apostam em dias piores subiu de 9% para 17% nos últimos três meses.
A taxa de otimistas caiu oito pontos percentuais. Passou de 50% para 42%.
Um indício de por que esse pessimismo ainda não atingiu a popularidade do governo pode estar no fato de que ele não se mostra tão intenso na rotina do entrevistado.
Apesar de a avaliação do poder aquisitivo da família não ser das melhores (45% dizem que às vezes falta dinheiro), o índice dos que admitem muita dificuldade financeira oscilou dentro da margem de erro.

FOLHA.com

Assista a comentário sobre a pesquisa Datafolha
folha.com.br/mm928698


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