São Paulo, domingo, 12 de junho de 2011

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Juiz vê corrupção espalhada em Campinas

Decisão aponta que esquema vai além da companhia de saneamento e atinge "todos os setores da prefeitura'

Concessão de alvarás é uma das ramificações; apontada como chefe dos desvios, mulher do prefeito está foragida

SILVIO NAVARRO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS

Na decisão em que determinou a prisão da primeira-dama de Campinas, Rosely Nassim Santos, o juiz da 3ª Vara Criminal, Nelson Augusto Bernardes, afirmou que o esquema de desvios nos cofres do município está "espalhado" por todos os setores da administração.
A denúncia de corrupção foi investigada pelo Ministério Público e envolve 22 pessoas, entre elas a primeira-dama, o vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), agentes públicos e empresários.
Uma das ramificações, segundo a Folha apurou, foi a concessão de alvarás de funcionamento de estabelecimentos comerciais e negócios imobiliários, liberados em troca de propina para o grupo da primeira-dama.
Essa suspeita ampara-se em diálogos obtidos por escutas telefônicas autorizadas que mostram possíveis negociações envolvendo Ricardo Candia, ex-diretor da secretaria de Urbanismo.
Nassim, que ocupava a chefia de gabinete do marido e prefeito da cidade, Hélio de Oliveira Santos, o dr. Hélio (PDT), está foragida e teve o passaporte bloqueado pela Polícia Federal. Oficialmente, a denúncia da Promotoria não atinge o prefeito.
Anteontem, o procurador-geral de Justiça do Estado, Fernando Grella, reuniu-se com os promotores de Campinas para avaliar eventuais indícios de que as fraudes respingam no prefeito. Caso isso ocorra, o caso sairia da esfera local e passaria a ser analisado pela Procuradoria do Estado.
Essa, entretanto, é a principal linha de defesa dos advogados da primeira-dama, segundo quem o verdadeiro alvo da Promotoria seria o prefeito. Grella disse que, por enquanto, a investigação seguirá em Campinas.
Nassim é acusada de formação de quadrilha, corrupção passiva e fraude à Lei de Licitações. Ela é a mentora do esquema, diz a Promotoria.
"Verifica-se que a quadrilha é diversificada, atuante e está, em tese, espalhada por todos os setores da prefeitura, não somente na Sanasa", afirmou o juiz na decisão.
A Sanasa é a empresa de tratamento de água e esgoto da cidade, tida como o nascedouro do esquema, segundo o delator do caso, o ex-presidente da empresa Luís Augusto Aquino, que optou pela delação premiada.
Ralph Tórtima Filho, que defende Candia, disse que não há investigação para apurar facilitação de negócios entre a gestão e empreendedores imobiliários.
A assessoria da prefeitura informou que não comenta as suspeitas contra Candia. Sobre supostas irregularidades em loteamentos, disse que o prefeito pediu auditorias. A defesa de Nassim não se manifestou.


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