São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Dilma contraria PR e confirma interino nos Transportes

Presidente nomeia Paulo Sérgio Passos, ex-número 2 de Alfredo Nascimento; sigla mostra incômodo com escolha

Planalto não consultou partido sobre decisão; ex-ministro afastado diz a aliados sentir-se traído pelo sucessor

Marcelo Camargo/Folhapress
Dilma Rousseff no Planalto

NATUZA NERY
MÁRCIO FALCÃO
CÁTIA SEABRA
DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff nomeou ontem o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, 60, para assumir definitivamente a pasta. O Planalto informou em nota que "o convite foi aceito".
À frente do ministério há nove anos, o PR fazia restrições ao nome, dizendo que Passos, filiado desde 2006, não contempla a legenda.
Dilma tomou a decisão sem consulta prévia ao partido. Lideranças da sigla se reuniram ontem à noite para avaliar a indicação.
O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), limitou-se a dizer: "Cumpra-se". Ele desembarcava em Brasília quando recebeu a notícia da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Passos era o número dois de Alfredo Nascimento, derrubado semana passada por suspeita de irregularidades na pasta. Ao nomeá-lo, Dilma fez prevalecer sua vontade à do PR, mesmo sob ameaças veladas de rompimento.
O novo ministro passou os últimos dias sob bombardeio constante de líderes do próprio partido. Eles diziam que o aumento de gastos com obras aconteceu durante a campanha de 2010, quando Passos era ministro interino.

RESTRIÇÕES
Dilma chegou a sondar o senador Blairo Maggi (PR-MT) para o ministério, mas ele recusou o cargo por impedimentos "legais e morais". Blairo admitiu que "há restrições" no PR ao novo ministro, embora tenha negado a intenção de deixar o governo. Mas reconheceu: "Em política, tudo é possível."
A escolha de Passos irrita seu antecessor, que volta ao Senado sentindo-se traído pelo antigo braço direito.
Nascimento diz que o substituto não foi solidário e que, se houve erros, ele deveria ser corresponsabilizado. O novo ministro é filiado ao PR, mas teria se aproximado do PT nos últimos anos.
Dilma aproveitou discurso ontem para defender ministros de outras pastas e dizer que recebeu uma "herança bendita" do governo Lula.
Para tranquilizar outros aliados que temem intervenção nas suas pastas, citou seis ministros que não estavam presentes ao evento, incluindo Mário Negromonte (Cidades, do PP) e Pedro Novais (Turismo, do PMDB).
"[Cito] alguns ministros meus que estão ausentes desta cerimônia, mas que, em vista de notícias que o governo não concorda com elas, merecem os meus cumprimentos", disse ela.

Colaboraram ANA FLOR, VALDO CRUZ e MARIA CLARA CABRAL, de Brasília


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Governo tenta esfriar tom do depoimento de Pagot
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.