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Servidora viu dados de 248 filiados a siglas
Adeildda Ferreira dos Santos acessou cadastro de 38 membros do PMDB, 29 do PSDB, 29 do DEM e 13 do PT
Ex-senador Fernando Bezerra, que apoiou os governos FHC e Lula, diz que operação "cheira a trabalho de quadrilha"
DE BRASÍLIA
Investigada sob suspeita
de quebra do sigilo fiscal de
pessoas ligadas ao PSDB, a
servidora Adeildda Ferreira
dos Santos acessou, de agosto a dezembro de 2009, dados de 248 pessoas que aparecem na relação oficial do
Tribunal Superior Eleitoral
como filiadas a partidos.
Entre os que tiveram os dados acessados por ela está o
ex-senador Fernando Bezerra (RN), que foi ministro da
Integração de Fernando Henrique Cardoso e líder do governo Lula no Congresso.
Levantamento feito pela
Folha na lista de 2.949 CPFs
acessados por Adeildda na
agência da Receita em Mauá
no período mostra que ela
consultou dados de filiados
de vários partidos, a maioria
do Estado de São Paulo.
Os principais alvos foram
filiados ao PMDB (38), ao
PSDB (29) e ao DEM (29). O
PT aparece com 13 casos.
A checagem dos dados
mostrou, entretanto, que a
grande maioria dessas pessoas tem atividade política
inexpressiva, sendo que
também há possibilidade,
em alguns casos, de se tratar
de homônimos daqueles que
aparecem nas listas do TSE.
EX-SENADOR
No caso de Fernando Bezerra, as informações vasculhadas são do Sistema Integrado de Cobrança da Receita. O CPF dele consta na lista
de dados acessados em 21 de
setembro de 2009 às 13h02
na agência da Receita em
Mauá, a 2.915 quilômetros de
onde o ex-senador vive.
Recém-filiado ao PMDB e
afastado de cargos públicos
há quatro anos, o ex-ministro
confirmou ser seu o CPF e
disse que não entende por
que teriam acessado seus dados. Ele assegura que nunca
solicitou nenhuma informação à Receita em São Paulo.
"Estou fora da política e
não sei qual seria o interesse
de vasculhar meus dados. Isso cheira a trabalho de quadrilha", afirma Bezerra, que é
empresário em Natal (RN).
O ex-senador se diz amigo
de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB que teve o sigilo fiscal violado no mesmo
computador usado para
acessar os dados dele.
Outras cinco pessoas ligadas ao PSDB tiveram os dados cadastrais acessados e a
declaração de renda impressa de forma ilegal. Entre eles
estão Luiz Carlos Mendonça
de Barros, ex-ministro de
FHC, e Antonio Russo Neto,
suplente da senadora Marisa
Serrano (PSDB-MS).
Antonio Contini, prefeito
de Sinop (MT) de 1993 a 1996
e filiado ao DEM, diz ter ficado surpreso ao saber, pela reportagem, do acesso a seus
dados cadastrais em Mauá.
"Se eu souber que eles estão [acessando indevidamente os dados], lógico que
eu pretendo entrar na Justiça. Com que interesse a Receita está fazendo isso? Eu
não devo nada", disse.
Contini levanta uma hipótese para eventual "bisbilhotagem". "Meu nome esteve
cogitado para candidato a vice na chapa para o governo
do Estado, apoiando o candidato do PSDB", diz ele.
PETISTA NA LISTA
Filiada ao PT de Mauá, a
auxiliar de enfermagem Raquel da Silva Marron disse
que não pediu à Receita informações sobre seu Imposto
de Renda. "Não pedi nada,
nem estou sabendo disso."
Desempregada, Raquel
disse não acreditar que seus
dados tenham sido acessados por motivações políticas.
"Eu não tenho contato com o
partido." Apesar da filiação
partidária, ela afirma que
seus familiares apenas trabalham "pedindo votos e fazendo militância" para políticos
do PT de Mauá sem nunca terem ocupado cargos eletivos.
Raquel disse que não conhece nenhum dos envolvidos no episódio das quebras
de sigilo na Receita de Mauá
e atribui todo o escândalo
"ao partido adversário".
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