São Paulo, quarta-feira, 12 de outubro de 2011

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Disputa entre PT e PSDB trava apuração de venda de emendas

Petistas acusam governo de favorecer pré-candidato tucano a prefeito de São Paulo, Bruno Covas, na liberação de verba

PSDB afirma que dados estão errados; sessão do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa durou cinco horas

SILVIO NAVARRO

DE SÃO PAULO

Uma disputa entre a base do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e a bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo empurrou ontem para o segundo plano a apuração sobre a suposta negociação, por deputados, de suas emendas ao Orçamento.
Em reunião do Conselho de Ética para discutir a crise -iniciada com as declarações do deputado Roque Barbiere (PTB) afirmando haver a existência do esquema-, o PT centrou o foco no secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo.
Os petistas usaram a informação de que Covas teria sido beneficiado pelo governo paulista na liberação de recursos indicados por ele no Orçamento, neste ano. Os valores, que somariam R$ 8,2 milhões, foram publicados no site do jornal "O Estado de S. Paulo". A bancada petista afirmou que, desde 2007, ele teria obtido R$ 14,8 milhões.
O PSDB negou favorecimento, dizendo que os recursos não se referem a indicações formais feitas por Covas, mas a projetos que ele apoiou.
O tucano já havia se envolvido em polêmica ao afirmar em entrevista ter recebido oferta de propina de um prefeito. Ontem, Covas mandou uma carta à Assembleia na qual diz que falava em tese.
Segundo ele, tratava-se de um "exemplo didático" que de tanto repetir havia incorporado como discurso.
"Acabei narrando o exemplo como fato", escreveu.
"Esse bilhete é ridículo, um desrespeito. O governo quer desqualificar o Conselho de Ética", disse o líder da bancada, Enio Tatto.
A principal queixa dos petistas foi que o conselho, presidido pelo tucano Hélio Nishimoto, não encaminhou a Covas o convite para que ele comparecesse à Casa.
Os tucanos afirmaram ter havido "falha" da assessoria do conselho. O embate com o PT durou quatro horas, sem que nenhum requerimento fosse votado.
Paralelamente, aliados de Barbiere tentaram sem sucesso anular a investigação argumentando que o caso teria que ter passado antes pela Corregedoria. Mas, depois de cinco horas, nem a agenda com os próximos passos do conselho foi aprovada.
Antes da sessão, PSDB e PT cobraram do governo do Estado a divulgação das indicações ao Orçamento feitas por seus deputados desde 2007. O governo paulista tornou público até agora apenas as que tiveram liberação de verbas em 2011.
Cada um dos 94 deputados pode indicar R$ 2 milhões em obras anualmente. O governo alega dificuldade para abrir os dados da gestão passada, mas segundo a Folha apurou, avaliava ontem divulgá-los numa tentativa de tirar o foco de Covas.


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