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Amorim é desconvidado a acompanhar Lula no G20
Viagem do chanceler a Seul constava da agenda e seu hotel estava reservado
Ministro participou da
primeira fase da viagem
presidencial, à África, e
foi avisado pelo Planalto
de que não iria à cúpula
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
O ministro Celso Amorim
foi desconvidado pelo Palácio do Planalto a participar
da cúpula do G20 em Seul.
O compromisso estava registrado na agenda do chanceler e sua reserva no Imperial Palace, hotel no qual ficou toda a comitiva, também
já estava providenciada,
quando um telefonema do
cerimonial do Planalto à sua
secretaria privada o avisou
que ele não precisaria ir.
O aviso criou grande mal-estar, ainda mais porque
Amorim acompanhou o presidente na primeira etapa da
viagem, até Moçambique.
O constrangimento só aumenta quando se compara a
agenda de Lula com a do
chanceler que o acompanhou nos oito anos de governo, ajudou a dar projeção internacional ao presidente e
até filiou-se ao PT.
Enquanto Lula despede-se
da cena global na Coreia,
reunido com os principais
governantes mundiais no
G20, Amorim está na República Democrática do Congo.
A nota em que o Itamaraty
anuncia a visita do chanceler
ao país africano como "a primeira de um chanceler brasileiro desde 1972" relata também que o intercâmbio comercial entre os dois países,
até setembro, atingia inexpressivos US$ 41,68 milhões.
A lógica indica que o desconvite a Amorim para Seul é
também o desconvite para
que ele continue no Ministério de Relações Exteriores.
A presidente eleita Dilma
Rousseff acompanha Lula, e
seria natural que, se houvesse intenção de mantê-lo,
Amorim estivesse presente
na apresentação internacional da futura presidente.
O que não fica claro é se o
desconvite implica também
desgaste para o vice-chanceler Antonio Patriota, o único
outro nome até agora mencionado nas especulações
sobre o comando do Itamaraty, além do de Amorim.
Patriota, secretário-geral
do Itamaraty, é intimamente
ligado a Amorim, que o promoveu, muito jovem, ao posto mais importante da diplomacia no exterior, a embaixada em Washington.
Reforça a tese de que o episódio chamusca também Patriota o fato de que dois outros nomes começaram ontem a aparecer na bolsa de
apostas para a Chancelaria.
Um é o do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que já fez
saber à futura presidente que
gostaria de ocupar o posto.
Outro é o de José Viegas, ministro da Defesa no primeiros
mandato de Lula e hoje embaixador na Itália.
PRESTÍGIO
Se Amorim ficou constrangido, seu colega Guido Mantega só teve ontem razões para sentir o contrário.
Lula insistiu para que ele
comparecesse a seu lado à
entrevista coletiva marcada
para o fim da tarde em Seul e
ainda o chamou para fazer a
apresentação inicial, sobre a
história e o presente do G20.
Mais: quando tomou a palavra, Lula disse a Mantega
que o ministro deveria defender, "na próxima reunião de
ministros da Fazenda do
G20", um levantamento sobre as medidas que cada país
está adotando na crise e no
pós-crise. A próxima reunião
será já no governo Dilma.
A presidente eleita, cuja
presença havia sido anunciada, não compareceu.
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