São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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Políticos dão R$ 3,2 mi a gráfica de fachada

Entre os mais de 70 candidatos-clientes, estão o senador eleito Lindberg Farias (PT-RJ) e o ex-ministro Hélio Costa

Empresa Soroimpress, registrada em nome de duas senhoras de 84 anos, ocupa construção vazia em Sorocaba (SP)

HUDSON CORRÊA
DO RIO

Uma empresa de fachada, aberta em abril deste ano na cidade Sorocaba (SP) em nome de duas senhoras de 84 anos, recebeu R$ 3,2 milhões de campanhas eleitorais em diferentes Estados do país, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As campanhas declaram ao TSE que a Soroimpress Comércio de Produtos Gráficos forneceu material impresso de publicidade para divulgação dos candidatos.
No endereço informado à Junta Comercial e à Receita pela Soroimpress, a Folha encontrou, no início de outubro, apenas um prédio em construção vazio.
Procurados, políticos disseram que receberam o material gráfico normalmente e não tinham como saber se a empresa era de fachada.
Aberta como empresa de "comércio de produtos gráficos", a Soroimpress só passou oficialmente para o ramo de impressão em agosto passado, conforme documento da Junta Comercial.
Entre os mais de 70 candidatos que foram clientes da empresa estão os senadores eleitos Lindberg Farias, do PT do Rio, (R$ 626 mil pagos à Soroimpress) e Benedito de Lira, do PP de Alagoas, (R$ 280,9 mil).
A lista incluiu o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), cuja campanha pagou R$ 33 mil, e o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), R$ 198 mil.
Outros dois clientes da empresa são o ex-ministro das Comunicações, senador Hélio Costa (PMDB-MG), candidato derrotado ao governo de Minas (R$ 272 mil) e o deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP), réu no processo do mensalão (R$ 34,3 mil).
Além de receber da campanha, a empresa faturou com comitês financeiros únicos do PMDB-RJ (R$ 523 mil) e do PR-SP (R$ 63,7 mil).

SÓCIAS
No começo de outubro, a Folha revelou que Cabral contratara a empresa de fachada para confecção de ao menos 200 mil adesivos e cartazes destinados à campanha de reeleição.
Até então não havia detalhamento no site do TSE das despesas de campanhas e, por isso, não era possível saber de outros clientes.
Na época, a Folha esteve no endereço das duas sócias da empresa. No de Ivette Martins Ayres funciona uma farmácia, onde ninguém a conhecia.
No endereço de Antonieta Bertoni Oliveira Pinhal, funcionários do condomínio contaram que ela é aposentada e dificilmente sai de casa.
A assessoria do deputado Arlindo Chinaglia disse que o contato entre Soroimpress e a campanha era o vendedor Roberto Nunes.
Procurado, ele disse que é apenas intermediário. Nunes passou à reportagem um número de celular que seria do dono, chamado Flávio, mas ninguém atendeu.


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