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Políticos dão R$ 3,2 mi a gráfica de fachada
Entre os mais de 70 candidatos-clientes, estão o senador eleito Lindberg Farias (PT-RJ) e o ex-ministro Hélio Costa
Empresa Soroimpress, registrada em nome de duas senhoras de 84 anos, ocupa construção vazia em Sorocaba (SP)
HUDSON CORRÊA
DO RIO
Uma empresa de fachada,
aberta em abril deste ano na
cidade Sorocaba (SP) em nome de duas senhoras de 84
anos, recebeu R$ 3,2 milhões
de campanhas eleitorais em
diferentes Estados do país,
segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As campanhas declaram
ao TSE que a Soroimpress Comércio de Produtos Gráficos
forneceu material impresso
de publicidade para divulgação dos candidatos.
No endereço informado à
Junta Comercial e à Receita
pela Soroimpress, a Folha
encontrou, no início de outubro, apenas um prédio em
construção vazio.
Procurados, políticos disseram que receberam o material gráfico normalmente e
não tinham como saber se a
empresa era de fachada.
Aberta como empresa de
"comércio de produtos gráficos", a Soroimpress só passou oficialmente para o ramo
de impressão em agosto passado, conforme documento
da Junta Comercial.
Entre os mais de 70 candidatos que foram clientes da
empresa estão os senadores
eleitos Lindberg Farias, do
PT do Rio, (R$ 626 mil pagos
à Soroimpress) e Benedito de
Lira, do PP de Alagoas, (R$
280,9 mil).
A lista incluiu o governador do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral (PMDB), cuja campanha pagou R$ 33 mil, e o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), R$ 198 mil.
Outros dois clientes da empresa são o ex-ministro das
Comunicações, senador Hélio Costa (PMDB-MG), candidato derrotado ao governo de
Minas (R$ 272 mil) e o deputado Valdemar da Costa Neto
(PR-SP), réu no processo do
mensalão (R$ 34,3 mil).
Além de receber da campanha, a empresa faturou
com comitês financeiros únicos do PMDB-RJ (R$ 523 mil)
e do PR-SP (R$ 63,7 mil).
SÓCIAS
No começo de outubro, a
Folha revelou que Cabral
contratara a empresa de fachada para confecção de ao
menos 200 mil adesivos e
cartazes destinados à campanha de reeleição.
Até então não havia detalhamento no site do TSE das
despesas de campanhas e,
por isso, não era possível saber de outros clientes.
Na época, a Folha esteve
no endereço das duas sócias
da empresa. No de Ivette
Martins Ayres funciona uma
farmácia, onde ninguém a
conhecia.
No endereço de Antonieta
Bertoni Oliveira Pinhal, funcionários do condomínio
contaram que ela é aposentada e dificilmente sai de casa.
A assessoria do deputado
Arlindo Chinaglia disse que o
contato entre Soroimpress e
a campanha era o vendedor
Roberto Nunes.
Procurado, ele disse que é
apenas intermediário. Nunes
passou à reportagem um número de celular que seria do
dono, chamado Flávio, mas
ninguém atendeu.
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