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Entidade de juízes sofre ação por dívida
Suspeita é que nomes de ao menos 235 magistrados tenham sido usados indevidamente em contratos fictícios
Juiz federal que presidia a Ajufer, que contraiu dívida de R$ 23 milhões, foi afastado ontem e
afirma que é inocente
FREDERICO VASCONCELOS
DE SÃO PAULO
A Ajufer (Associação dos
Juízes Federais da 1ª Região),
com sede em Brasília, acumulou uma dívida de R$ 23
milhões com a Fundação Habitacional do Exército (Poupex) e é alvo de uma ação de
cobrança na Justiça.
Há a suspeita de que pelo
menos 235 juízes tiveram
seus nomes usados indevidamente em contratos fictícios.
A associação reúne magistrados federais de 14 Estados.
A corregedora nacional de
Justiça, Eliana Calmon, afastou ontem o ex-presidente da
Ajufer, juiz Moacir Ferreira
Ramos. Investigado pelo
Conselho Nacional de Justiça, ele renunciara ao cargo.
O CNJ vai investigar as gestões da Ajufer no período do
convênio com a Poupex.
"Jamais me beneficiei de
quaisquer desses empréstimos", afirmou em carta, na
qual alega inocência.
No sábado, dia 6, o juiz federal Eduardo Cubas, que
atua em Uruaçu (GO), pediu
ao CNJ a intervenção na associação e a suspensão das eleições. Ele requereu que fosse
vedado aos magistrados da
atual diretoria da Ajufer ocupar cargos de gestão até o final da ação de cobrança, que
tramita sob sigilo na 4ª Vara
Federal no Distrito Federal.
O pedido de Cubas foi negado pela ministra Eliana
Calmon. A eleição foi realizada no dia 8, tendo sido eleito
Roberto Veloso, diretor na
gestão de Ramos. Calmon decidiu que o CNJ não pode interferir nas questões eleitorais das entidades e deu continuidade às investigações.
"Não se sabe ao certo
quantos juízes tiveram os
seus dados utilizados de maneira aparentemente irregular", afirmou Cubas à Folha.
"Nós, juízes, fomos vítimas. É importante para a Justiça Federal e para a sociedade descobrir onde foi parar o
dinheiro", diz o magistrado.
Cubas atribui sua decisão
ao fato de ser um magistrado
"envolvido com o combate à
corrupção". Ele diz que "a
imensa maioria dos juízes no
Brasil é séria e honesta".
Ele juntou ao pedido enviado ao CNJ informações
prestadas pela ex-presidente
da Ajufer Solange Salgado,
diretora financeira da entidade na gestão de Ramos.
Ela publicou, na rede interna dos juízes federais, longa mensagem que enviara ao
presidente afastado: "Como
você sabe, não exerci esta
função na prática, não efetuei um pagamento referente
à Ajufer, pois a confiança
permanecia e sempre lhe entreguei os cheques da Ajufer
previamente assinados por
mim e você permaneceu fazendo os pagamentos".
Vários juízes estão recebendo comunicação da presidência da Ajufer, informando que seu nome consta de
lista que o ex-presidente enviou à Poupex, citando o valor de cada suposta dívida.
A Poupex mantém convênios com vários tribunais e,
também, com o CNJ.
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