São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

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Procuradoria quer anular passaporte ilegal

Ministério Público Federal do DF recomenda comprovação de que documento foi entregue por "interesse do país'

Itamaraty confirma que outros dois filhos do ex-presidente Lula também possuem o superpassaporte

MATHEUS LEITÃO
DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal no Distrito Federal pediu a anulação dos passaportes concedidos a pessoas não contempladas pelo decreto 5978/2006 e o controle da emissão do documento "em função do interesse do país".
O decreto prevê hoje que o documento deve ser concedido a presidentes, vices, ministros de Estado, parlamentares, chefes de missões diplomáticas, funcionários da carreira diplomática, ministros dos tribunais superiores, procurador-geral da República, subprocuradores-gerais, ex-presidentes e seus dependentes (filhos até 21 anos- até 24, no caso de estudantes- ou deficientes físicos).
No entanto, no mesmo decreto há um artigo que concede poderes ao ministro das Relações Exteriores para emitir o documento em caráter excepcional no caso de "interesse do país".
O Itamaraty confirmou ontem que concedeu passaportes diplomáticos a outros dois filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre 2006 e 2010. A Folha apurou que os documentos também foram emitidos pelo "interesse do país".
Os beneficiados são Fábio Luís Lula da Silva, 35 anos, o dono da empresa Gamecorp conhecido como Lulinha, e o irmão dele, Sandro Luís Lula da Silva, 32, que é publicitário. Já são sete o número de familiares do ex-presidente com o superpassaporte.
A Folha já revelara que três netos e outros filhos de Lula -Marcos Cláudio Lula da Silva, 39, e Luís Cláudio Lula da Silva, 25-, também receberam o benefício.
Os passaportes foram concedidos no dia 29 de dezembro, a dois dias do fim do mandato, a pedido de Lula, e têm validade de quatro anos.
As concessões contrariam entendimento do próprio Itamaraty, que utiliza a mesma definição de dependente que a Receita Federal.

IDENTIFICAÇÃO
No texto de recomendação do Ministério Público, os procuradores Hélio Ferreira Heringer Junior e Paulo Roberto Galvão de Carvalho, após citarem reportagem da Folha, afirmam: "já as demais pessoas não relacionadas no regulamento é imprescindível que se demonstre que a concessão do passaporte diplomático ocorreu em função de interesse do país".
O Ministério Público também recomendou ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, a identificação de todos os passaportes diplomáticos concedidos no período de 2006 a 2010. As providências devem ser concluídas no prazo de 60 dias.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) também quer a lista de passaportes diplomáticos emitidos, enquanto o Itamaraty decidiu rever a regra de concessão do documento especial que beneficiou os filhos e netos de Lula. O órgão, entretanto, não detalhou o que mudará.


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