São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011 |
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Polícia Federal tem 3.000 inquéritos contra prefeitos Diretor-geral da PF diz que nova gestão investigará partidos e combaterá caixa 2 Luiz Fernando Corrêa afirma que não sofreu pressão política e que deixa como marca a "despersonalização"
LEONARDO SOUZA DE BRASÍLIA A Polícia Federal investigará políticos de vários partidos nos próximos meses. Uns sob a suspeita de receber propina e de usar caixa dois em campanha, como desdobramento da Operação Castelo de Areia. Outros, nos 3.000 inquéritos abertos para apurar desvios de verbas federais em prefeituras. A informação é do diretor-geral da PF Luiz Fernando Corrêa, que será substituído nesta semana pelo atual superintendente de São Paulo, Leandro Coimbra. Na Castelo de Areia foram apreendidas planilhas com executivos ligados a construtoras nas quais constavam valores associados a nomes de políticos. A PF aguarda autorização judicial para abrir os inquéritos. Em um balanço, Corrêa negou que tenha sofrido pressões políticas e disse que deixa como marca a "despersonalização" da polícia. Folha - Que marca o sr. deixa? Luiz Fernando Corrêa - Um dos princípios pelos quais nós lutamos foi "desfulanizar" a polícia. Mas não tenha dúvida que coube à nossa geração implementar o conceito de gestão, de aplicar métodos da iniciativa privada. Pegamos os quatro principais contratos que mais oneravam o funcionamento da polícia e, só no primeiro ano, foram quase R$ 37 milhões de redução. Mas e as investigações? A melhoria da qualidade da prova. Aqui não é crítica, mas quase se chegou ao ponto de banalizar a prisão temporária. Nós determinamos que o foco fosse a prisão preventiva. Para um juiz conceder prisão preventiva os pressupostos são mais rigorosos. Quando nós chegamos, a polícia trabalhava com 60% de prisão temporária e 40% de preventiva. Em 2009, já passamos para mais de 70% de preventiva. Outro ponto importante é a redução do estoque de inquéritos. Passamos a relatar mais, sem reduzir o número de instaurados. Qual será o foco da PF? O enfrentamento sistêmico da atividade criminosa. Um exemplo é o combate ao desvio de dinheiro público em prefeituras. Temos aproximadamente hoje 3.000 inquéritos para investigar desvios em prefeituras. A Operação Satiagraha foi um erro ou foi um acerto? Foi uma oportunidade para validar os princípios que nas demais operações se consagraram: da impessoalidade e da qualidade da prova. Da impessoalidade, no sentido de que não interessa quem está sendo investigado nem quem é o investigador. Quando a Castelo de Areia for destrancada, a classe política deve se preocupar? O que se suspeitava ser eleitoral, a polícia destacou e informou ao Ministério Público, que solicitou autorização à Justiça Eleitoral. Se os dados que existem ali caracterizarem crime eleitoral, com certeza haverá investigação específica. Quem faz o filtro é a Justiça Eleitoral. O que for ilegal, volta para a polícia instaurar os inquéritos. Na Operação Boi Barrica, a PF investigou negócios da família Sarney. O sr. sofreu pressões políticas nesse e em outros casos? A gente sabe que houve desconforto, mas não pressão a ponto de emperrar a investigação. FOLHA.com Leia mais em: folha.com.br/po859708 Texto Anterior: Outro lado: Senador diz que todas as doações foram regulares Próximo Texto: Raio-X: Luiz Fernando Corrêa, 52 Índice | Comunicar Erros |
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