São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 2011

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ANÁLISE PARTIDOS

Compreensão da nova classe média é desafio

Não se pode perder de vista que parte dos que "melhoraram de vida" ainda têm demandas da base da pirâmide

MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA

A chamada nova classe média, cuja ascensão nos últimos anos vem sendo atentamente acompanhada por economistas e empresários, é agora alvo também dos principais partidos políticos.
Não por acaso, além de figurar na manchete de ontem desta Folha, foi destaque em três reportagens nos cadernos Mercado e Equilíbrio.
Por não ter uma definição consensual nas Ciências Sociais, o conceito de classe média e seu tamanho variam arbitrariamente, de acordo com os parâmetros de quem a analisa. No mercado, costuma-se usar com frequência uma classificação econômica baseada em posse de bens de consumo e escolaridade do chefe da família.
Denominada Critério Brasil, divide a população em classes de A até E, sendo a classe C comumente considerada como classe média. Constata-se, por esse critério que, nos últimos seis anos, cerca de 20 milhões de brasileiros deixaram a base da pirâmide e ascenderam à classe C, graças ao aumento do consumo. Representam hoje metade da população adulta.
Uma classificação alternativa toma a renda familiar como parâmetro. Nesse caso, a classe média seria formada por aqueles que pertencem a núcleos familiares cuja renda de todos os membros soma entre três e dez salários mínimos. Por esse critério, segundo o último Datafolha, representam 44% dos brasileiros. Nesse caso, a maioria é dos 47% cujo rendimento familiar não ultrapassa o equivalente a dois mínimos. Vale ressaltar que apenas 4% apresentam renda familiar superior a dez mínimos.
Por qualquer critério, constata-se que essa camada da população -crescente, consumidora e seletiva- assume também papel preponderante no cenário político.
Partidos que mais bem utilizarem os instrumentos disponíveis para ouvir seus anseios e compará-los com os de outras camadas terão mais chance de conquistá-la.

PIRÂMIDE
Não se pode perder de vista que boa parte dos que "melhoraram de vida" permanecem com demandas e valores que caracterizam a base da pirâmide. É um erro supor que, por consumirem mais e frequentarem novos ambientes, passarão a pensar e adquirir resistências típicas da classe média.
Como exemplos, o último Datafolha mostra que a aprovação inicial ao governo Dilma é muito semelhante entre as camadas médias e baixas. A saúde é considerada principal problema do país em proporções quase idênticas em todas as camadas.
Os brasileiros, de todas as classes, estão atentos aos problemas e avaliam os governantes segundo suas experiências reais. A maior delas talvez seja a de serem ouvidos e contemplados. Sairá na frente quem melhor souber usar os instrumentos disponíveis para essa demanda.


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