São Paulo, domingo, 13 de junho de 2010

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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

Serra acusa governo de criar "esquadrão de militantes"

Lançado candidato, tucano diz que "patota" é paga com dinheiro público

Discurso de Serra no evento de lançamento de sua candidatura foi o mais duro que já fez contra seus adversários

Lalo de Almeida/Folhapress
José Serra durante convenção do PSDB, em Salvador; "Sim, eu aceito ser candidato a presidente da República", afirmou

CATIA SEABRA
SILVIO NAVARRO
BRENO COSTA

ENVIADOS ESPECIAIS A SALVADOR

No lançamento oficial de sua candidatura à Presidência, o tucano José Serra fez ontem o seu discurso mais duro desde o início da pré-campanha, acusando o governo de "montar um esquadrão de militantes pagos com dinheiro público".
Na festa, que reuniu cerca de 8.000 militantes em um clube de Salvador, segundo a PM, o tucano disse que "essa patota corporativa" exerce uma "patrulha de ideias" para intimidar a oposição.
"Não tenho esquemas, não tenho máquinas oficiais, não tenho patotas corporativas, não tenho padrinhos, não tenho esquadrões de militantes pagos com dinheiro público", discursou.
Os ataques aconteceram no mesmo dia que a Folha revelou que um "grupo de inteligência" ligado à campanha da petista Dilma Rousseff quebrou o sigilo fiscal de um dirigente tucano.
Serra comparou, indiretamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Luís 14 (1638-1715), rei da França no auge do regime absolutista e autor da máxima "O Estado sou eu".
"Luís 14 achava que o Estado era ele. Nas democracias e no Brasil, não há lugar para luíses assim."
Embora não tenha citado diretamente a montagem do grupo para a produção de dossiês, Serra criticou o "uso maciço do aparelho e das finanças do Estado".
"Num regime democrático, [a oposição] jamais deve ser intimidada e sofrer tentativa de aniquilação pelo uso maciço do aparelho e das finanças do Estado."
Sem citar Dilma, Serra fez referências a ela. Disse, por exemplo, que não tem mal-entendido com o passado, numa alusão sutil à participação da petista em movimentos de guerrilha.
O tucano também a desafiou para o debate ao afirmar que não se pode representar o povo sem se submeter ao julgamento do próprio povo.
Dentro da estratégia de lançar dúvidas sobre a biografia da petista, afirmou que ele tem um única cara.
"Não comecei ontem e não caí de paraquedas. [...] Sou o que sou. Sem disfarces e sem truques. Tenho uma cara só e uma só biografia."

"NEOCORRUPTOS"
Serra chegou a usar a expressão "neocorruptos" para quem comete deslize moral sob o argumento de que os outros também o praticam; mencionou o mensalão, ponto mais vulnerável da era Lula, e acusou o governo de ataques a órgãos fiscalizadores.
Criticou ainda a política externa do governo: "Não devemos elogiar continuamente ditadores em todos os cantos do planeta, só porque são aliados eventuais do partido de governo".
A relação do governo com os movimentos sindicais também foi objeto de ataques. "Organizações pelegas e sustentadas com dinheiro público devem ser vistas como de fato são: anomalias."
Um dos oradores da convenção, o ex-governador de Minas Aécio Neves disse que não se deve desdenhar a democracia e que o país não precisa de "messias".
Reunidos em Salvador, os líderes de PSDB, DEM, PPS e PTB estiveram presentes na festa tucana.
Sem vice, a convenção delegou à Executiva do partido a escolha do companheiro de chapa de Serra.


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