São Paulo, domingo, 13 de junho de 2010

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Expor escolha do vice de Serra foi um erro, afirma Aloysio

"Foi tiro de canhão no pé discutir questão publicamente", afirma ex-secretário de SP

CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

Um dos principais articuladores da candidatura de José Serra à Presidência, o ex-chefe da Casa Civil Aloysio Nunes Ferreira admite que o comando da campanha errou ao expor a discussão sobre a escolha do vice-presidente, especialmente o assédio ao ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves.
Candidato ao Senado pelo PSDB de São Paulo, Aloysio disse que foi um "tititi inútil". "Foi um tiro de canhão no pé discutir publicamente uma questão que deve ser objeto de consultas discretas e, sobretudo, de meditação do próprio candidato", afirmou.
Lembrando a solidez da candidatura de Aécio ao Senado, Aloysio diz nunca ter acreditado que o mineiro aceitaria a vaga de vice. Daí o equívoco "fazer apelos para alguém aceitar o cargo sem combinar com o apelado".
"Isso não se faz nem para vice-prefeito de Guapiaçu. Quanto mais para a Presidência", criticou ele. "Ou você acha que existe um frenesi para ver o Michel Temer na vice de Dilma?"
Nunes Ferreira reconhece que essa será uma disputa difícil. "Sempre achei que seria uma eleição cabeça a cabeça, que a candidata do PT [Dilma Rousseff] iria subir apoiada na força do Lula", afirmou ele. Mas, citando os rumores de recrutamento de arapongas por petistas para investigar o PSDB, ele ironizou.
"Vai chegar o momento que precisa asceder ao segundo e ao terceiro estágio do foguete. Aí, quero ver se ela tem combustível. Acho que não, já mostrou que nem o próprio comitê de campanha é capaz de controlar".
Questionado se acredita na inocência da ex-ministra, Nunes Ferreira disse ter aprendido no catecismo que é possível pecar por ação ou omissão. "Aconteceu numa casa de Brasília que é sede do comitê de sua campanha presidencial, envolvendo duas facções do alto comando de seu partido. Se ela não é capaz de manter esse ambiente sob controle, imagine numa campanha presidencial, imagine numa Presidência."

SOFRIMENTO
Nunes Ferreira afirma que José Alencar é um dos casos em que o vice tem significado eleitoral. Alencar, diz Nunes, foi um "emblema". "Foi importante para que o Lula dissesse ao empresariado que o Lula presidente não seria o Lula da oposição."
Além disso, "agregou à Presidência uma dimensão quase mística em razão da coragem com que tem enfrentado esse sofrimento", disse ele em referência ao câncer que Alencar combate.
No PSDB, a disposição é manter a negociação com o PP, mesmo desencorajado. O assédio inibe uma reaproximação do PP com o governo Lula. Sem o PP, os tucanos Álvaro Dias e Sérgio Guerra são cotados como vice.


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