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Expor escolha do vice de Serra foi um erro, afirma Aloysio
"Foi tiro de canhão no pé discutir questão publicamente", afirma ex-secretário de SP
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO
Um dos principais articuladores da candidatura de José Serra à Presidência, o ex-chefe da Casa Civil Aloysio
Nunes Ferreira admite que o
comando da campanha errou ao expor a discussão sobre a escolha do vice-presidente, especialmente o assédio ao ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves.
Candidato ao Senado pelo
PSDB de São Paulo, Aloysio
disse que foi um "tititi inútil".
"Foi um tiro de canhão no pé
discutir publicamente uma
questão que deve ser objeto
de consultas discretas e, sobretudo, de meditação do
próprio candidato", afirmou.
Lembrando a solidez da
candidatura de Aécio ao Senado, Aloysio diz nunca ter
acreditado que o mineiro
aceitaria a vaga de vice. Daí o
equívoco "fazer apelos para
alguém aceitar o cargo sem
combinar com o apelado".
"Isso não se faz nem para
vice-prefeito de Guapiaçu.
Quanto mais para a Presidência", criticou ele. "Ou você acha que existe um frenesi
para ver o Michel Temer na
vice de Dilma?"
Nunes Ferreira reconhece
que essa será uma disputa difícil. "Sempre achei que seria
uma eleição cabeça a cabeça,
que a candidata do PT [Dilma
Rousseff] iria subir apoiada
na força do Lula", afirmou
ele. Mas, citando os rumores
de recrutamento de arapongas por petistas para investigar o PSDB, ele ironizou.
"Vai chegar o momento
que precisa asceder ao segundo e ao terceiro estágio
do foguete. Aí, quero ver se
ela tem combustível. Acho
que não, já mostrou que nem
o próprio comitê de campanha é capaz de controlar".
Questionado se acredita
na inocência da ex-ministra,
Nunes Ferreira disse ter
aprendido no catecismo que
é possível pecar por ação ou
omissão. "Aconteceu numa
casa de Brasília que é sede do
comitê de sua campanha presidencial, envolvendo duas
facções do alto comando de
seu partido. Se ela não é capaz de manter esse ambiente
sob controle, imagine numa
campanha presidencial,
imagine numa Presidência."
SOFRIMENTO
Nunes Ferreira afirma que
José Alencar é um dos casos
em que o vice tem significado
eleitoral. Alencar, diz Nunes,
foi um "emblema". "Foi importante para que o Lula dissesse ao empresariado que o
Lula presidente não seria o
Lula da oposição."
Além disso, "agregou à
Presidência uma dimensão
quase mística em razão da
coragem com que tem enfrentado esse sofrimento",
disse ele em referência ao
câncer que Alencar combate.
No PSDB, a disposição é
manter a negociação com o
PP, mesmo desencorajado. O
assédio inibe uma reaproximação do PP com o governo
Lula. Sem o PP, os tucanos
Álvaro Dias e Sérgio Guerra
são cotados como vice.
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