São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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Ideli promete tirar "poeira" de nomeações

Nova ministra anuncia operação "limpa prateleira" para acelerar a distribuição de cargos a aliados insatisfeitos

Relação do governo com o PT e o PMDB vinha sofrendo desgaste desde antes da crise que derrubou Palocci

Alan Marques - 10.jun.11/Folhapress
Nova articuladora política do governo, Ideli acompanha Dilma em evento da Marinha

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O governo Dilma Rousseff vai fazer uma "operação limpa prateleira" para reduzir as insatisfações dos aliados no Congresso, liberando nomeações e verbas de emendas parlamentares represadas no Palácio do Planalto.
A informação é da nova ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, nomeada na semana passada como nova articuladora política do governo.
"Vou fazer uma operação limpa prateleira, coisa de mulher. Tem muita coisa parada no Planalto acumulando poeira e só gerando insatisfações nos aliados", afirmou Ideli ontem à Folha.
Ela cita seu ministério anterior, o da Pesca, como exemplo. Nomeações acertadas há mais de dois meses para superintendentes estavam paradas no Planalto. "Tudo estava combinado, mas não saía. Se acontecia no meu ministério, o mesmo deve se repetir nos demais."
Segundo Ideli, tudo o que estiver conversado e acertado será liberado nos próximos dias. Os cargos mais "nevrálgicos" serão analisados com "cuidado" para não criar tensões na base aliada.
Sobre as verbas de emendas, ela disse ter recebido aval de Dilma para acelerar as liberações. Afirmou que serão autorizados os pagamentos de R$ 250 milhões que faltavam dos R$ 700 milhões prometidos a prefeitos.
A relação do governo Dilma com sua base aliada no Congresso sofreu desgastes nas últimas semanas, levando à derrota na votação do Código Florestal na Câmara.
Os aliados, PT e PMDB à frente, reclamavam de pedidos não atendidos de cargos e verbas. Os atritos aumentaram com a crise que atingiu Antonio Palocci, demitido na semana passada. Ele brigou com peemedebistas e perdeu o apoio dos petistas.

SOBRECARGA
Na avaliação da nova articuladora política, os pedidos de aliados estavam paralisados no Planalto por conta da centralização de poderes na Casa Civil e da agenda sobrecarregada de Palocci.
"O Palocci estava tão sobrecarregado, sua agenda estava tão absorvida pela presidente, que não conseguíamos falar com ele, só no fim da noite", afirmou.
Esse quadro, analisa, piorou com a crise gerada após a Folha ter revelado que o patrimônio do ex-ministro da Casa Civil multiplicou por 20.
"Agora, as responsabilidades serão divididas. Amanhã [hoje], eu, a Gleisi [Hoffmann, ministra da Casa Civil] e o Gilberto [Carvalho, da Secretaria-Geral] vamos nos reunir logo cedo para definir como será nossa atuação."
Além de liberar pedidos represados, a ministra quer harmonizar a relação do governo Dilma com PT e PMDB. "Se petistas e peemedebistas não andarem juntos, tudo se complica para o governo."
Ela agendou para amanhã conversa com o vice-presidente Michel Temer. Depois, vai se reunir com os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Marco Maia (PT-RS).
No Senado, ela vai negociar o novo Código Florestal e o projeto sobre tramitação de medidas provisórias no Congresso, que preocupa Dilma pelo risco de reduzir os poderes do Palácio do Planalto.
Na Câmara, Ideli definiu como prioridade votar a medida provisória que flexibiliza as condições para a contratação de obras da Copa. "Espero contar com a ajuda até da oposição. Afinal, eles têm governadores interessados em acelerar os projetos."
No fim de semana, ela entrou em contato com os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Agripino Maia (DEM-RN) e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).


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