São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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Cenário se inverte e governo agora vive calmaria econômica

Situação hoje, de crise política, é oposta à dos primeiros cem dias de Dilma, em que prevaleceu o medo da inflação

Economistas veem ação firme do governo para blindar economia, mas duvidam se a boa fase nessa área vai durar

EDUARDO CUCOLO
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Após um início em que combinava tranquilidade política e tensão na área econômica, o governo Dilma Rousseff vive hoje o cenário inverso: a derrocada do ministro tido como o fiador da estabilidade econômica abalou as relações com Congresso e partidos, enquanto os mercados mantiveram a calma.
O balanço dos cem dias de Dilma apresentava trégua com a oposição e um surpreendente apoio unânime do PMDB na votação do salário mínimo, ao lado de uma alta constante nas projeções dos especialistas para a inflação e o ceticismo quanto ao controle das contas públicas.
Dois meses depois, o governo Dilma coleciona derrotas no Congresso -a maior delas, na votação do projeto do Código Florestal. Em compensação, a economia do país, embora sujeita a incertezas, é a principal fonte de boas notícias.
A melhora começou no fim de abril, três semanas antes da primeira reportagem da Folha sobre a multiplicação do patrimônio de Antonio Palocci, que acabou saindo do comando da Casa Civil.
Foi quando o Banco Central sinalizou que iria priorizar o aumento dos juros para controlar a inflação e prolongar o aperto na economia. Na mesma época, o governo publicou dados que mostraram melhora substancial nas contas públicas -duas bandeiras associadas a Palocci.
Até então, a equipe econômica transmitia mensagens desencontradas a empresários e investidores, de que estaria mais preocupada em enfrentar os efeitos da queda do dólar sobre a indústria e as exportações.

INFLAÇÃO
Poucos dias antes do início da crise política, a inflação corrente já superava o teto da meta, de 6,5%. No mercado, porém, prevaleceram as avaliações de que esse movimento estava previsto e que, nos próximos meses, a inflação começaria a ceder.
Há dúvidas, no entanto, em relação à duração da paz entre governo e mercado.
Para o economista Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências, a melhora nos indicadores ainda não pode ser considerada definitiva. Ele cita a expectativa de aumento no gasto público e incertezas sobre a inflação.
Avalia ainda que o governo deixou de contar com um ministro importante no embate entre as áreas mais desenvolvimentistas e monetarista da equipe econômica.
O ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, economista da Confederação Nacional do Comércio, diz que a melhora no cenário econômico, somada a uma ação mais firme do governo, ajudou a blindar a economia dos efeitos da crise política.


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