São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2011

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PR da Câmara boicota almoço governista

Bancada deixa clara a sua insatisfação e exige ser consultada sobre o preenchimento do 2º escalão dos Transportes

Cúpula da sigla admite que só não deixa a base aliada agora por temer que os seus deputados se filiem ao novo PSD

CATIA SEABRA
MARIA CLARA CABRAL
ANDREZA MATAIS

DE BRASÍLIA

Excluído do processo de escolha do novo titular do Ministério dos Transportes, o comando do PR na Câmara dos Deputados boicotou ontem, pela primeira vez, o almoço de confraternização dos líderes da base aliada.
Além de registrar sua insatisfação, a bancada (40 deputados) mandou um recado ao governo: quer ser consultada sobre a sucessão no 2º escalão dos Transportes. Do contrário, promete vingança.
Os líderes do partido na Câmara reivindicam o direito à indicação dos novos presidentes do Dnit e da Valec.
Alegam que só um sinal do governo mitigaria a sensação que hoje contamina não só o PR, mas os aliados: de que o governo privilegia o Senado em detrimento da Câmara.
O anúncio da efetivação de Paulo Sérgio Passos na pasta foi um exemplo disso. Os deputados souberam da escolha pela imprensa, mas senadores do PR foram avisados. Em conversas com outros aliados, a cúpula do partido chegou a admitir que só não deixaria a base por temer debandada de seus deputados para o recém-lançado PSD.
Ontem, a informação de que o senador Clésio Andrade (PR-MG) articulava com petistas a indicação do mineiro Bernardo Figueiredo para a direção-geral do Dnit precipitou nova rebelião na bancada de deputados.

PANOS QUENTES
Emissários do governo se mobilizavam para convencer o líder do PR, Lincoln Portela (MG), a participar de "happy hour" hoje com a presidente Dilma Rousseff antes do recesso parlamentar.
Ainda ontem, porém, o PR se reuniu na casa do deputado Valdemar Costa Neto (SP).
Hoje o fará de novo. Questionado sobre sua ausência no almoço com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), o deputado Luciano Castro (RR) ironizou: "Não fomos ao almoço porque estamos de regime".
O mal-estar serviu para que líderes das demais siglas também manifestassem sua contrariedade para Ideli. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), declarou-se solidário ao PR. O líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), apoiou o gesto.
No almoço, em que Ideli comemorou o fato de ter "sobrevivido" por um mês no cargo, o líder do PP, Nelson Meuer (PR), cobrou do governo melhor tratamento, em especial sobre a retenção de emendas parlamentares.
A divisão no PR não se restringe à briga Câmara versus Senado. Há disputa por espaço inclusive entre os senadores. Ontem, enquanto o senador Blairo Maggi (MT) defendia a manutenção de Luiz Antonio Pagot na direção-geral do Dnit, Clésio Andrade trabalhava por um mineiro.

Colaborou NATUZA NERY, de Brasília


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