São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2010

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Mantega nega manipulação de dados

Ministro da Fazenda convoca coletiva para rebater reportagem da Folha, mas reconhece erros e não justifica escolhas

Segundo ele, boletim de estatísticas não foi enviado para campanha de Dilma, que o obteve no site do ministério

Jorge Araújo/Folhapress
O ministro Guido Mantega em entrevista sobre erros em boletim divulgado pelo governo e usado pela campanha de Dilma

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou entrevista coletiva ontem para rebater reportagem da Folha que apontou erros e distorções nos dados do boletim de estatísticas divulgado terça-feira pelo governo.
Mantega afirmou que não tem problema em reconhecer falhas e disse que "evidentemente pode ter algum erro" num documento com mais de 130 planilhas. Disse, porém, não aceitar acusação de manipulação de dados.
"Nós não costumamos manipular dados, não sei se a Folha está manipulando a informação", afirmou.
Mantega, no entanto, foi obrigado a reconhecer alguns erros e não conseguiu justificar a escolha de dados que elevam a diferença entre o crescimento da renda per capita nos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso.
Na tabela que aborda a evolução da renda per capita no país, o gráfico mostra os dados desde 1994. No entanto, ao fazer o cálculo de quanto a renda cresceu em determinados anos, o ministério optou por destacar o crescimento de 24,3% acumulado de 2003 a 2009 (governo Lula) e de 3,5% acumulado de 1995 a 2002.
Questionado sobre por que o ministério não comparou a renda de 2002 com a de 1994, o que apontaria para alta de 6,2% da renda per capita no governo anterior, Mantega afirmou:
"Aqui não tem referência a nenhum governo, 1995 (foi escolhido) porque é um período mais próximo. Não tem uma justificativa. Eu não peguei esse parâmetro. A assessoria do ministério que fez".
Sobre o uso eleitoral do documento pela candidata governista à Presidência, Dilma Rousseff (PT), cuja campanha publicou o boletim em seu site no mesmo dia da divulgação, Mantega afirmou que os dados são públicos e estão disponíveis na página do ministério na internet.
"O ministério não enviou para ela, e ela tinha como pegar porque está na internet. Qualquer um pode pegar."


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