São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2010

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Alckmin vira alvo de todos no debate da Band em SP

Mercadante e Russomanno fazem dobradinha para criticar segurança

Acuado pelos ataques de adversários, tucano investe contra governo de Lula, em tom mais incisivo que o de Serra

DE SÃO PAULO

Líder com folga nas pesquisas de intenção de voto, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) foi o único alvo de seus cinco adversários pelo governo de São Paulo em debate da Band, ontem à noite.
Diante da limitação, pelas regras do programa, ao número de perguntas a cada candidato, os principais adversários do tucano -Aloizio Mercadante (PT), Celso Russomanno (PP) e Paulo Skaf (PSB)- acabaram protagonizando quatro tabelinhas com críticas ao PSDB e a Alckmin.
No momento em que os jornalistas da Band formulavam perguntas, no quarto bloco, a polarização PSDB-PT também acabou prevalecendo, com perguntas para Alckmin com comentários de Mercadante, e vice-versa.
Os temas preferenciais de ataque ao tucano, que, segundo o último Datafolha, seria eleito ainda no primeiro turno, foram a segurança pública, a disseminação do consumo de crack, o preço dos pedágios, educação e saúde.
Acuado por ser foco das críticas, Alckmin contrariou a ideia de que líderes em pesquisas (tem 49% no último Datafolha) não devem bater boca e partiu para o ataque contra o governo Lula, em tom mais incisivo que o que vem sendo usado pelo presidenciável José Serra.
"[Há aqui uma] aliança entre o PT e o malufismo, uma aliança estranha. Até as gravatas dos candidatos são iguais", disse o tucano, em referência à dobradinha entre o petista e Russomanno.
No segundo bloco, questionado por Mercadante sobre a qualidade da educação e após ouvir o petista ler o trecho de um relatório encaminhado por Serra ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) com uma série de críticas à qualidade das escolas e do ensino, Alckmin adotou o seu tom mais agressivo.
"O senador [Mercadante] é ótimo para criticar, mas não conheço nada de positivo que tenha feito para São Paulo, absolutamente nada, a não ser criticar", afirmou o tucano, que ainda acusou o PT de ter diminuído o orçamento para a educação quando comandou a Prefeitura de São Paulo.
Ao citar o fato de o tratamento de dependentes químicos não ser coberto pelo SUS (Sistema Único de Saúde), afirmou que isso ocorre por "preconceito".
Ao longo do debate, o tucano colou-se à imagem do ex-governador Mario Covas (PSDB), morto em 2001, mas só mencionou Serra em suas considerações finais.
Chegou até a citar um tema delicado para o presidenciável -a relação com os professores estaduais- como um ponto positivo de sua gestão: "No meu governo os professores não fizeram greve."
Já o petista Mercadante se escorou na popularidade do presidente Lula, ao dizer que tem "honra de ser líder do governo do presidente Lula, [com quem] andei mais de 30 anos pelo país". O petista ainda citou a candidata à Presidência, Dilma Rousseff.
Apesar do clima mais tenso que o do debate presidencial, o programa teve baixa audiência na contabilização parcial -2,5 pontos na Grande São Paulo. Isso equivale a 150 mil domicílios. No horário, a Band só esteve à frente da Rede TV e da TV Gazeta.

BASTIDORES
Serra resolveu ir ao estúdio ver o debate, mas saiu antes do término, junto com o prefeito Gilberto Kassab.
Questionado pela Folha sobre onde se sentia melhor- debatendo ou assistindo-, Serra respondeu: "Gosto daqui [plateia] e de lá. Na verdade, sou um louco por debates", afirmou.
Com tantos políticos de peso, faltaram lugares para convidados do tucano Alckmin. Pouquíssimos vereadores aliados conseguiram entrar no estúdio para acompanhar o debate. Até o coordenador da campanha do tucano, deputado estadual Sidney Beraldo , ficou de fora.
(BRENO COSTA, DANIELA LIMA E EVANDRO SPINELLI)


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