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Comissão de Anistia diz que rever
indenização é "retrocesso histórico"
Paulo Abrão afirma que decisão do TCU "enfraquece democracia"
LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA
Em nota e em entrevista
concedida por seu presidente, a Comissão de Anistia afirmou ser um "retrocesso histórico", que "enfraquece a
democracia", a decisão tomada anteontem pelo TCU
(Tribunal de Contas da
União) de rever as indenizações mensais pagas pelo governo a perseguidos na ditadura militar (1964-85).
Paulo Abrão, presidente
da comissão ligada ao Ministério da Justiça, afirmou que
o TCU "estendeu demais" ao
interpretar a reparação a
anistiados como indenização
ou pensão, argumento usado
pelo tribunal, como diz a
Constituição, para revisar o
benefício pago a mais de
7.000 pessoas.
Quase R$ 4 bilhões já aprovados pelo governo, que ainda serão repassados aos
anistiados, podem ser reduzidos ou cancelados na revisão do TCU.
O Ministério da Justiça deve recorrer da decisão do tribunal. Ainda não está claro
se o recurso será apresentado
ao próprio órgão ou ao STF
(Supremo Tribunal Federal)
-neste caso, depende da
anuência dos anistiados.
COMPETÊNCIA DO TCU
"Temos dúvida quanto à
competência do TCU para
funcionar como instância revisora dos atos, que foram referendados por vários ministros da Justiça", afirmou o
presidente da Comissão de
Anistia.
Abrão considera "aceitável" uma revisão "incidental" dos benefícios, mas "não
caso a caso".
No pedido do Ministério
Público que levou o TCU a
aprovar a revisão dos pagamentos, o procurador Marinus Marsico sustentou que
há "ilegalidade" em alguns
benefícios, como as milionárias indenizações destinadas
aos jornalistas Ziraldo e Jaguar, do extinto "Pasquim",
e à viúva do guerrilheiro Carlos Lamarca.
PROCESSOS ANULADOS
O presidente da Comissão
de Anistia afirmou que os pagamentos - e também a mudança de patente de Lamarca
(que desertou do Exército
nos anos 60) feita pelo órgão- foram sustentadas por
decisões no mesmo sentido
da Justiça Federal do Rio de
Janeiro.
Abrão declarou ainda que
o Ministério da Justiça tem
outros 495 processos de anistia que estão em fase de anulação, pois eles foram considerados "ilegais".
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