São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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OPINIÃO

Debate é um festival de pegadinhas e banalidades

DILMA, SERRA, MARINA E PLÍNIO, PRESOS NAS REGRAS DO DEBATE EM SUAS AGENDAS, POUCO FALARAM SOBRE O ESSENCIAL

FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO

Ainda bem que existem no Brasil meta de inflação, câmbio flutuante e superavit primário. Esse último é a economia que o país faz para tentar conter a dívida pública.
No fundo, é isso o que nos sustenta. Sobre esse tablado, é difícil fazer muita besteira. Digam o que digam os candidatos à Presidência.
O debate entre eles foi um festival de pegadinhas, banalidades e pouco serviu para esclarecer coisa alguma.
O Brasil tem hoje um rombo de quase US$ 60 bilhões em suas contas externas. Cresce mais do que suas próprias pernas, apoiado em importações insustentáveis.
O país exporta ferro, soja (tem de vender três toneladas desse grão para poder importar um único laptop) e outros produtos básicos.
Embora o atual governo tenha tirado quase 30 milhões de pessoas da miséria (considerando uma renda de cerca de R$ 130 ao mês), o Brasil ainda é um país pobre.
E há algo de recorrente na economia brasileira. Ela sofre com a falta de poupança interna e tenta crescer mais se financiando com o dinheiro dos outros (países e investidores de fora).
Todas as vezes nos últimos anos que o país ensaiou decolar, as contas externas foram para o vinagre. Mais à frente, vem a conta. E temos de desacelerar novamente.
Antes isso parecia ocorrer quando o crescimento ficava entre 3,5% e 4%. Agora, acima de 5,5%.
Isso ocorre porque grande parte do crescimento do PIB hoje se dá pelo consumo das famílias, turbinado por uma forte oferta no crédito.
E é preciso importar mais porque a indústria local não dá conta. Isso acaba por deteriorar a balança comercial.
Mas Dilma, Serra, Marina e Plínio, presos nas regras do debate em suas agendas, pouco falaram do essencial.
Nos últimos oito anos foram criados cerca de 15 milhões de empregos no país. O rendimento médio (dos com carteira assinada ou não) arranha R$ 1.300 ao mês.
Estabilizamos o país, mas entramos em um fosso recessivo e só agora saímos dele.
Não haveria momento melhor como o atual para discutir o futuro.
Não deixa de ser interessante ver candidatos querendo manter a popularidade (Dilma) ou ganhar votos (Serra) na TV quando se tem esse pano de fundo.
"Qualidade de vida é ter pão na mesa das pessoas", resume, candidamente, Marina. É quase ridículo ouvir esse tipo de declaração no estágio em que estamos.
O debate continua.


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