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OPINIÃO
Debate é um festival de pegadinhas e banalidades
DILMA, SERRA, MARINA E PLÍNIO, PRESOS NAS REGRAS DO DEBATE EM SUAS AGENDAS, POUCO FALARAM SOBRE O ESSENCIAL
FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO
Ainda bem que existem no
Brasil meta de inflação, câmbio flutuante e superavit primário. Esse último é a economia que o país faz para tentar
conter a dívida pública.
No fundo, é isso o que nos
sustenta. Sobre esse tablado,
é difícil fazer muita besteira.
Digam o que digam os candidatos à Presidência.
O debate entre eles foi um
festival de pegadinhas, banalidades e pouco serviu para esclarecer coisa alguma.
O Brasil tem hoje um rombo de quase US$ 60 bilhões
em suas contas externas.
Cresce mais do que suas próprias pernas, apoiado em importações insustentáveis.
O país exporta ferro, soja
(tem de vender três toneladas desse grão para poder
importar um único laptop) e
outros produtos básicos.
Embora o atual governo tenha tirado quase 30 milhões
de pessoas da miséria (considerando uma renda de cerca
de R$ 130 ao mês), o Brasil
ainda é um país pobre.
E há algo de recorrente na
economia brasileira. Ela sofre com a falta de poupança
interna e tenta crescer mais
se financiando com o dinheiro dos outros (países e investidores de fora).
Todas as vezes nos últimos
anos que o país ensaiou decolar, as contas externas foram para o vinagre. Mais à
frente, vem a conta. E temos
de desacelerar novamente.
Antes isso parecia ocorrer
quando o crescimento ficava
entre 3,5% e 4%. Agora, acima de 5,5%.
Isso ocorre porque grande
parte do crescimento do PIB
hoje se dá pelo consumo das
famílias, turbinado por uma
forte oferta no crédito.
E é preciso importar mais
porque a indústria local não
dá conta. Isso acaba por deteriorar a balança comercial.
Mas Dilma, Serra, Marina e
Plínio, presos nas regras do
debate em suas agendas,
pouco falaram do essencial.
Nos últimos oito anos foram criados cerca de 15 milhões de empregos no país. O
rendimento médio (dos com
carteira assinada ou não) arranha R$ 1.300 ao mês.
Estabilizamos o país, mas
entramos em um fosso recessivo e só agora saímos dele.
Não haveria momento melhor como o atual para discutir o futuro.
Não deixa de ser interessante ver candidatos querendo manter a popularidade
(Dilma) ou ganhar votos (Serra) na TV quando se tem esse
pano de fundo.
"Qualidade de vida é ter
pão na mesa das pessoas",
resume, candidamente, Marina. É quase ridículo ouvir
esse tipo de declaração no estágio em que estamos.
O debate continua.
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