São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2011

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ANÁLISE PREVISÕES DO MERCADO

Expectativas ditarão sucesso da ação do BC

Apesar do ceticismo de analistas, vitória contra a inflação dependerá bastante do comportamento da população

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

Com o agravamento recente da crise nos países desenvolvidos, aumentou a incerteza sobre como a economia brasileira será afetada.
O cenário externo tem servido como pano de fundo para o acirramento da queda de braços entre Banco Central e mercado financeiro.
A autoridade monetária tenta passar a mensagem de que tomou a decisão certa ao reduzir os juros há duas semanas. Aposta em recuo da inflação a reboque da desaceleração que virá com a crise e esfriará a economia.
Mas o ceticismo do mercado em relação a esse diagnóstico voltou a crescer, como revelou ontem o relatório Focus, divulgado pelo BC, com expectativas de economistas.
As projeções são de inflação maior e novas quedas nos juros (hoje em 12%), em um contexto de ganhos de renda suficientes - ainda que menores- para manter a forte demanda por bens e serviços.
O presidente BC, Alexandre Tombini, afirmou que com o corte de juros quer evitar a desaceleração exagerada da economia.
Há analistas que veem nesta decisão um passo mais ousado na direção de tentar trazer os juros do país (os mais altos do mundo) a patamares próximos dos internacionais.
Se tiver sucesso, o BC começará a desarmar um grande desequilíbrio. Juros altos encarecem empréstimos, uma amarra ao crescimento.
Os críticos do BC dizem que a equação não é simples e que, entre a realidade atual e o sonho dos juros baixos, há o risco da inflação alta.
Inflação elevada corrói renda e reduz o poder de compra. Dependendo de quanto mais alta, pode causar outros desequilíbrios e distorções.
A questão é: a estratégia do Banco Central, se errada, pode atrapalhar o controle da inflação?
Isso parece depender em larga medida das expectativas. Trabalhadores e empresas podem mudar seu comportamento de acordo com o que esperam que ocorrerá.
Se acham que a inflação subirá, podem antecipar gastos, contribuindo para que os preços continuem altos.
O elevado reajuste do salário mínimo em 2012 poderia colocar lenha nessa fogueira.
Mas essa possibilidade poderia sumir se surgisse um temor disseminado de desemprego por conta da crise, por exemplo.
Parte da dificuldade de economistas é justamente transformar hipóteses desse tipo em probabilidades.


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