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Para Amorim, não havia razão para ir ao G20
Ministro afirma que foi ele quem sugeriu a Lula que não precisava viajar a reunião em Seul
ELIANE CANTANHÊDE
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTAS DA FOLHA
O ministro Celso Amorim
(Relações Exteriores) disse
ontem que tem "ótimas" relações com o presidente Lula
e que sua presença na reunião do G20, em Seul, não era
necessária, porque é um foro
estritamente econômico.
Segundo ele, só um ministro tem acesso, o da Fazenda,
Guido Mantega.
"Eu mesmo levei ao presidente Lula, na semana passada, a ideia de que não era
necessária a minha ida. Ele
concordou. Pode-se tirar a
conclusão que quiser, mas os
fatos são outros", disse.
O ministro chegou às 6h
do Congo, onde participou
de assinatura de um programa contra a violência sexual
contra a mulher, depois de
ser desconvidado para integrar a comitiva a Seul.
Ele disse que o G20 "só tem
lugar para um ministro, e
não cabe o ministro de Relações Exteriores entrar como
se fosse o assessor do assessor do assessor".
Das 4 reuniões do G20 financeiro, Amorim diz que só
foi às 2 primeiras, uma nos
Estados Unidos e outra no
Reino Unido, porque havia
reuniões bilaterais com temas de política externa. Na
última, em Petersburgo
(EUA), ele também não foi.
Em Seul, porém, também
houve reuniões diplomáticas: um jantar para ministros
do Exterior, para o qual, na
ausência de Amorim, acabou
sendo convidado Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático da Presidência, e reuniões bilaterais de Lula com
os presidentes da Coreia, Lee
Myung-Bak, e da França, Nicolas Sarkozy.
Amorim foi desconvidado
de última hora, depois de seu
nome constar da lista oficial
dos acompanhantes de Lula
e da reserva do hotel em Seul,
conforme informou a Folha.
Mas ele acha que não foi
uma grosseria de Lula nem
uma sinalização de desencanto ou de rompimento:
"Lula nunca faria isso comigo dessa maneira, nem precisaria disso para me dar algum recado", disse.
Sua versão: "Meu nome
constava porque tinha de
constar, porque é preventivo.
Caso o presidente diga que
eu tenho de estar, aí eu vou
ter de estar". Citou as reuniões ibero-americanas, em
que seu nome sempre constava, mas ele não foi a nenhuma das últimas.
O mais constrangedor na
exclusão do chanceler é que
foi a um mês e meio da posse
da presidente eleita Dilma
Rousseff, que acompanhava
Lula. Repercutiu com a sinalização de que ele está excluído do futuro governo.
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