São Paulo, segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

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Burguesia quer deturpar "mitos", diz filha

DE PORTO ALEGRE

Questionamentos sobre erros cometidos por Luiz Carlos Prestes, a partir da liberação de documentos secretos da época da URSS, irritam familiares do líder comunista.
Pelo menos dois livros baseados nesses documentos levantam objeções à capacidade de análise política e de comando militar de Prestes: "Camaradas" (Companhia das Letras, 1993), de William Waack, e "Johnny - A Vida do Espião que Delatou a Rebelião Comunista de 1935" (recém-lançado pela Record), dos historiadores americanos R.S. Rose e Gordon Scott.
O professor Luiz Carlos Prestes Filho, 51, afirma que parte das críticas ao pai nessas obras é esforço para desconstruir a imagem de Prestes para "exumar cadáveres ideológicos".
"Temos que fazer uma releitura do século 20 e do que foram as tentativas honestas e sinceras de líderes políticos no contexto daquela época. Não dá para descontextualizar o que o papai estava fazendo em 1935 e avaliar do ponto de vista da política atual. É uma loucura", diz.
Prestes Filho defende a ação política e militar do líder comunista como a de um homem que agiu em nome de posições claras sobre o que queria para o Brasil e para o mundo no século passado.
Ele cita momentos-chave na trajetória do pai, como a Coluna Prestes, nos anos 20, e a Intentona Comunista, na década seguinte: "Aos 26 anos, pega em armas, anda 25 mil km, derrota 18 generais sem medo de nada. Em 1935, faz a mesma coisa. Em 1945, foi o senador mais votado e, mais tarde, era o primeiro da lista [de perseguidos] do golpe de 64. Tinha muita coragem, muita valentia e ingenuidade. Cometeu erros? Só quem não comete é quem não faz nada".
Em "Luiz Carlos Prestes e a Aliança Nacional Libertadora" (Brasiliense, 2008), a historiadora Anita Leocadia Prestes, filha de Prestes com Olga Benario, critica o interesse em liquidar "mitos supostamente criados pelo comunismo internacional", disposição que ela vê em "Camaradas".
"Estão entre esses "mitos" personalidades como Luiz Carlos Prestes e Olga Benario Prestes, cujos exemplos interessa à burguesia que sejam esquecidos ou deturpados, evitando que venham a servir de inspiração às novas gerações", escreveu ela.


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