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ANÁLISE DATAFOLHA
A vez da criatura
Pesquisa divulgada ontem aponta uma diminuição da influência do presidente como cabo eleitoral de sua ex-ministra a partir de agora
DILMA CRESCEU ENTRE O
ELEITORADO
FIEL A LULA;
O PERCENTUAL QUE
RESTA
DESSE GRUPO É MENOR
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MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA
A pesquisa Datafolha divulgada hoje é um divisor de
águas. Além de trazer, pela
primeira vez, a liderança isolada de Dilma Rousseff na
disputa presidencial, marca
uma redução importante da
influência do presidente Lula
como cabo eleitoral de sua
ex-ministra a partir daqui.
O índice que reflete o potencial de crescimento da petista, com base no poder de
transferência de votos que o
presidente demonstra ter
junto aos eleitores, é o mais
baixo desde que o instituto
passou a monitorá-lo em dezembro do ano passado.
Na ocasião, 14% dos brasileiros queriam votar em um
candidato apoiado por Lula,
mas não escolhiam Dilma
por não associá-la ao presidente. Oito meses depois, essa taxa está em 7%. Comparando-se com o levantamento anterior, do final de julho,
há uma queda de três pontos
percentuais desse índice nos
últimos 20 dias.
A maior exposição dos
candidatos nos meios de comunicação elevou o grau de
informação dos eleitores. Debate e entrevistas na TV, em
programas de grande audiência, repercutem na população. A percepção sobre o
desempenho dos candidatos
em eventos desse tipo invade
a esfera privada e encontra
na conversa com parentes e
amigos o ambiente fértil para
a formação do voto.
É o que explica, por exemplo, o crescimento expressivo, nos últimos 20 dias, dos
que identificam Dilma como
candidata apoiada por Lula.
O efeito desse conhecimento
projeta-se não só sobre o desempenho da petista na intenção de voto, mas nas características da ascensão.
A ex-ministra cresceu justamente nos segmentos nos
quais a força do cabo eleitoral Lula é maior: entre os habitantes do Nordeste, menos
escolarizados e com baixa
renda. O percentual que agora sobra desse segmento fiel
ao presidente é bem menor e
tem baixo acesso à informação. É um estrato ainda mais
difícil de ser alcançado.
Daqui em diante, o conjunto a ser disputado é o dos
que até cogitam votar em um
candidato apoiado por Lula,
mas não estão certos disso.
Hoje, eles são 22% do eleitorado e votam mais em Serra
(36%) do que em Dilma
(31%). Para esses, o desempenho do presidente não é
suficiente para convencê-los
a eleger sua ex-ministra. Sai
de cena o protagonismo do
criador. É a vez da criatura.
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