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Senadores usam dinheiro público para fazer campanha
Candidatos contratam empresa de consultoria e assessor com verba parlamentar e empregam servidores em atividade eleitoral
GABRIELA GUERREIRO
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
Senadores que são candidatos usaram dinheiro público para fazer campanha nos
Estados. Contratam empresas de consultoria e de vídeo,
assessores de imprensa que
respondem pela candidatura
e usam servidores em atividades eleitorais.
Além do salário de R$ 16,5
mil, os senadores recebem a
chamada "verba indenizatória" de R$ 15 mil mensais.
O dinheiro, que não pode
ser usado em campanhas,
tem destino específico: cobrir os gastos na atividade
parlamentar, como transporte e manutenção de escritório
nos Estados. As despesas devem ter notas fiscais, que podem ser apresentadas até
90 dias após o gasto.
A Folha analisou as prestações de contas dos senadores disponíveis na internet
no Portal da Transparência
da Casa desde abril de 2009.
Dos 49 senadores-candidatos, 30 declararam gasto
somado de R$ 129,5 mil em
despesas com alimentação,
transporte e contratação de
serviços de consultoria, pesquisas e trabalhos técnicos
para apoio da atividade parlamentar em julho. O gasto
total foi de R$ 266,7 mil.
Outros 16 não lançaram as
despesas, e três declararam
não ter usado a verba.
Com baixa atividade parlamentar, julho foi o mês do
início oficial da campanha
política. O Congresso entrou
em recesso no dia 18.
O senador Adelmir Santana (DEM-DF) tenta uma vaga
na Câmara. De abril a julho
apresentou nota de R$ 15 mil
da contratação a WHD Consultoria e Comunicação Ltda,
que faz marketing "para governos, organizações associativas e representativas,
partidos, candidatos, parlamentares, políticos, administradores públicos e executivos", informa seu site.
A Folha apurou com duas
pessoas que a WHD colabora
com a sua campanha.
Adelmir também usou um
servidor do Senado para registrar o site de campanha.
Lotado na Mesa Diretora, onde Santana é suplente, Gustavo de Oliveira Pinto não só
aparece como responsável
pela página como deu endereço e telefone do Senado
quando registrou o site.
Candidata ao governo do
Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM) também recorreu à verba pública para
pagar um coordenador da assessoria de imprensa da campanha. Repassou em junho e
julho o total de R$ 9.600 a
Alexandre Ferreira Mulatinho, dono da Mixmídia.
O contrato foi firmado em
março: R$ 4.800 mensais até
fevereiro de 2011. Antes disso, ele já prestava serviços
para por R$ 2.000 mensais.
A senadora Lúcia Vânia
(PSDB-GO), que disputa a
reeleição, também usou parte da verba indenizatória para fins eleitorais. A produtora
GW recebeu R$ 12 mil, em
duas parcelas pagas em junho e julho, para fazer um vídeo que está hospedado no
site oficial da candidata.
Procurador do Ministério
Público no Tribunal de Contas da União, Marinus Marsico disse que o tribunal pode
pedir ressarcimento.
No domingo passado, a
Folha revelou que deputados também usaram verba
pública para a campanha.
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