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Governo tenta debelar crise e demite assessor da Casa Civil acusado de lobby
Sucessora de Dilma no governo afirma que vai abrir seu sigilo e pede a comissão de ética que seja investigada
Presidente se reúne com Erenice e pede que dê respostas para acusação envolvendo o filho dela "o mais rápido possível"
Sérgio Lima - 31.mar.2010/Folhapress
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Dilma acena ao lado de Erenice na cerimônia de transmissão do cargo, no final de março
SIMONE IGLESIAS
FÁBIO AMATO
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
O governo lançou uma
operação para tentar impedir
que a acusação de lobby envolvendo o filho da ministra
Erenice Guerra (Casa Civil)
atinja em cheio a campanha
de Dilma Rousseff (PT) à Presidência e contamine os últimos meses do governo de
Luiz Inácio Lula da Silva.
Um servidor da Casa Civil
subordinado à ministra foi
exonerado e Erenice disse estar disposta a abrir seus sigilos bancário e fiscal e também de familiares.
Lula determinou que ela
apresente respostas "o mais
rápido possível". Por enquanto, segundo a Folha
apurou, o presidente vai
mantê-la no cargo.
Erenice foi braço direito de
Dilma na Casa Civil até a ministra deixar o cargo para ser
candidata e assumiu a pasta
após a sua saída.
Em troca de uma "taxa de
sucesso", seu filho, Israel
Guerra, teria ajudado a empresa MTA Linhas Aéreas a
obter a renovação de uma
concessão da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil).
O relato sobre o lobby foi
feito à revista "Veja" por um
empresário ligado à MTA e
confirmado à Folha pelo
mesmo empresário e por um
diretor dos Correios.
Com a autorização para
voar, a empresa conseguiu
um contrato privilegiado de
transporte de carga dos Correios, com dispensa de licitação e permissão para carga
compartilhada.
Segundo a "Veja", o filho
de Erenice foi ajudado por
dois funcionários da Presidência: Vinícius de Oliveira
Castro, exonerado ontem, e
Stevan Knezevic.
A revista diz que foi Erenice quem viabilizou o sucesso
da atuação do filho e que a
ministra teria dito que o dinheiro pago na intermediação era necessário para
"compromissos políticos".
OPERAÇÃO ABAFA
Ontem, Erenice começou a
cumprir o que foi determinado por Lula. Pela manhã, entregou à Comissão de Ética
Pública da Presidência pedido para ser investigada.
O órgão abriu procedimento padrão, que é de analisar
em prazo de dez dias se aceitará ou arquivará o processo.
No pedido enviado à comissão, Erenice informou
"disposição" de abrir, "se necessário", os seus sigilos
bancário, telefônico e fiscal,
assim como os de seu filho.
Em seguida, anunciou a
demissão de Castro. Em nota,
o servidor declarou que "repudia todas as acusações".
Castro, que trabalhava na
Casa Civil desde junho de
2009, disse ter pedido demissão para se defender.
Erenice contratou o escritório Tojal, Teixeira Ferreira,
Serrano & Renault Advogados Associados por sugestão
do ex-ministro da Justiça
Márcio Thomaz Bastos. E
Anunciou processo por calúnia contra a "Veja".
A Folha não conseguiu
contato com a direção da revista ontem.
A Comissão de Ética da
Presidência não tem poder
de demitir servidores, apenas de fazer recomendações.
Os últimos processos envolvendo ministros ou foram
extintos ou geraram apenas
um alerta -como no caso em
que Dilma se reuniu com o
advogado Roberto Teixeira,
compadre de Lula, para tratar da venda da Varig sem registrar o fato na agenda.
Erenice ficou sabendo da
reportagem sexta-feira,
quando estava em São Paulo.
Sábado, telefonou para o
chefe-de-gabinete de Lula,
Gilberto Carvalho, para se explicar. Disse que a reportagem quer atingi-la por ser
próxima de Dilma e negou ter
feito tráfico de influência.
Domingo, Erenice foi ao
Palácio da Alvorada conversar com Lula, que lhe cobrou
explicações e recomendou
que ela deveria apresentar
respostas e provas "o mais
rápido possível".
A "Veja" afirma também
que Erenice e Israel convidaram Fábio Baracat, procurador da MTA, para conversar
em sua casa em abril do ano
passado. A Casa Civil não
confirmou nem negou o relato até ontem à noite.
O diretor-geral da PF, Luiz
Fernando Corrêa, determinou ontem à Corregedoria do
órgão que analise a denúncia
da revista "Veja" e avalie se é
o caso de abrir um inquérito
para apurar se houve tráfico
de influência no caso.
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