São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Advogados criticam novo Código Florestal

Relatório de senador do PMDB contém inconstitucionalidades, dizem especialistas

Lula Marques/Folhapress
Membros da ONG Cerrado Vivo protestam no Congresso contra texto do senador Luiz Henrique sobre Código Florestal

MÁRCIO FALCÃO
CLAUDIO ANGELO

DE BRASÍLIA

Advogados reunidos ontem no Senado para debater a reforma do Código Florestal dizem que o texto em análise contém inconstitucionalidades e outras falhas.
Hoje o relatório do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) sobre a proposta começa a ser discutido na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O governo já havia apontado problemas "técnicos", mas tem evitado criticar seu teor.
A promotora do Ministério Público de São Paulo Cristina de Araújo Freitas, uma das especialistas ouvidas pelos senadores ontem em audiência pública, afirmou que o texto contraria o princípio constitucional de defesa do meio ambiente.
Ela atacou o fato de o novo Código introduzir o conceito de "área rural consolidada", na qual o desmatamento que já feito poderia ser legalizado. Tal figura não existe no Código em vigor, que prevê multa para todo desmatamento irregular e compensação dos passivos, seja por reflorestamento, seja por compra de áreas de floresta.
"A consolidação dessas áreas permeia todo o texto, regularizando as intervenções ilegais e transformando o passivo ambiental em lei", afirmou a procuradora.
O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Herman Benjamin cobrou melhoras no texto sobre a legalização de atividades agrícolas nas áreas de preservação permanente, ou APPs. Para ambientalistas, essa medida representa uma anistia, algo que a presidente Dilma Rousseff se comprometeu a vetar.
Outro ponto sensível é a delegação de competência para desmatar aos Estados.
Na semana passada, o senador mudou trecho do relatório no qual deixava com o "chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual" a prerrogativa de fixar critérios para desmatamento em APP.
Na nova versão, apresentada ao senador Jorge Viana (PT-AC), relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente, a decisão será só "do chefe do Poder Executivo".
No Senado, o Código terá que ser analisado pelas comissões de Constituição e Justiça, Ciência e Tecnologia, Agricultura e Meio Ambiente. Se aprovado, segue para votação no plenário.


Texto Anterior: Heloísa deve trocar PSOL por partido de Marina
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.