São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Governo faz ameaça a aliados por salário mínimo de R$ 545

Segundo assessores de Dilma, quem não votar com o governo pode perder cargos e pagamentos de emendas

Em reunião, PDT é citado nominalmente para fazer o ministro Carlos Lupi trabalhar contra resistências

DE BRASÍLIA

O governo subiu o tom e mandou um recado aos aliados: partidos com presença em ministérios terão de votar em sua maioria com o governo na definição do salário mínimo de R$ 545 na sessão que delibera sobre o tema, amanhã. O PDT foi citado nominalmente por assessores que participaram de reunião no Palácio do Planalto.
Segundo assessores da presidente Dilma Rousseff, partido que votar em sua maioria contra o governo será considerado oposição.
Ou seja, corre o risco de perder cargos e receber pagamento de emendas do Orçamento na mesma proporção que os oposicionistas (no máximo 30% do proposto).
O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), calculou que 60 dos 78 deputados da sua bancada devem votar com o governo. "Vamos aprovar os R$ 545, mas com 100% de apoio do PMDB não posso dizer", afirmou.
O PDT terá hoje uma reunião com o ministro Carlos Lupi (Trabalho) para fechar um acordo sobre a votação. A tendência, segundo o líder Geovanni Queiroz (PA), é liberar os 26 deputados.
O recado do governo ao citar nominalmente o PDT é fazer com que Lupi trabalhe para minar resistências como a do presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), que faz campanha contra os R$ 545.
Segundo o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT), que também participou da reunião de coordenação, o PC do B definiu apoio, o PDT abriu discussão interna e o PSB "avançou" na defesa dos R$ 545. Para ele, "PT, PMDB, PR, PTB e PP já estão bastante definidos".
O salário mínimo foi o tema principal da reunião de coordenação de ontem.
Por se tratar de um projeto de lei, a matéria precisa de maioria simples dos presentes para ser aprovado.
Depois que foi divulgada a inflação de janeiro, acima do esperado, a presidente decidiu fazer um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento e avalia que precisa enviar sinais ao mercado de que não cederá, o que era admitido anteriormente pelo governo. Nem a antecipação de parte do reajuste em 2012, que deve ficar acima de 13%, a presidente aceita nesse momento.
A regra define o reajuste do mínimo até 2015 pela variação da inflação do ano anterior, mais o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.

TABELA DO IR
Ainda que não tenha explicitado, o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) admitiu que a correção da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física em 4,5% está condicionada à aprovação do mínimo de R$ 545, como revelou a Folha hoje.


Texto Anterior: Nomeado diz que não podia se negar a acessar extrato
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.