São Paulo, terça-feira, 15 de março de 2011

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Partido de Kassab perde adesões antes de nascer

Assédio de partidos e dúvidas sobre novo projeto fazem políticos recuarem

DEM tenta conter debandada enquanto dissidentes esperam consolidação jurídica da legenda para aderir

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
São Paulo, Gilberto Kassab, durante evento na zona leste

VERA MAGALHÃES
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

A saída de Gilberto Kassab não deve provocar uma debandada imediata no DEM.
O partido faz hoje sua convenção nacional, em Brasília, para tentar debelar a crise aberta com a dissidência do prefeito de São Paulo, seu principal quadro político.
Preocupados com possíveis questionamentos jurídicos ou assediados por contrapropostas, políticos que prometiam seguir o prefeito no partido que ele quer criar, o PDB (Partido da Democracia Brasileira), recuaram.
Nomes de peso, como a senadora Katia Abreu (TO) e o governador Raimundo Colombo (SC), já saíram da lista de adesões imediatas ao projeto político de Kassab.
A primeira irá aguardar a consolidação jurídica do PDB para, quem sabe, proceder a migração. O segundo preferiu honrar compromissos políticos locais, com vistas a eleger aliados em 2012.
Diversos políticos também foram pressionados pelo PSDB, maior aliado do DEM na oposição ao governo.
O governador Geraldo Alckmin (SP), por exemplo, agiu para tentar conter a migração para o partido que será fundado por Kassab.
Ele determinou que seus secretários buscassem deputados federais e estaduais cotados para seguir o prefeito e conversou com alguns insatisfeitos -na semana passada, esteve com Colombo.

COMPROMETIDO
O sucesso dos planos de Kassab seria um problema para Alckmin. O prefeito fundará o PDB para driblar a regra da fidelidade partidária e, depois, promover a fusão da nova sigla com o PSB.
Kassab quer disputar o governo do Estado em 2014.
A pressão do governador, no entanto, não foi suficiente para convencer seu vice, Guilherme Afif Domingos, a abandonar a empreitada.
Alckmin pediu ao secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, que conversasse com Afif. O vice não recuou: disse que está comprometido com Kassab e que o seguirá.
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, que era dada como certa no novo partido, foi aconselhada a não ir para o PDB, porque deve se candidatar à reeleição e poderia ter o mandato questionado pelo PMDB, partido de seu vice.
Na bancada federal, o esperado "arrastão" -havia expectativa de que o PDB tivesse, logo de início, cerca de 20 deputados- não deve se concretizar. São esperadas de 6 a 8 baixas. Entre os paulistas, até 3 dos 6 deputados podem acompanhar Kassab.
Políticos próximos ao prefeito, como Rodrigo Garcia e Jorge Tadeu Mudalen, prometem ficar no DEM.
Em reunião ontem à noite com a cúpula do DEM, Garcia chegou a dizer que podem ficar no partido cinco paulistas. A única saída irreversível é a de Guilherme Campos.
Na bancada baiana haverá duas baixas e um terceiro, Cláudio Cajado, ainda está com a situação indefinida.
Advogados ligados a Kassab orientam políticos inseguros quanto à viabilidade jurídica do PDB a aderir à sigla quando o registro definitivo da legenda for pedido.
A tese é que a "fundação" de uma legenda, exigência legal para evitar a perda de mandato por infidelidade partidária, leva meses -tempo suficiente para os indecisos reverem sua decisão.
Há, ainda, os que não têm "nada a perder" por estar sem mandato. É o caso do ex-candidato a vice-presidente Indio da Costa. Ele ficará no DEM se obtiver garantia de que poderá disputar o comando estadual da legenda com Cesar e Rodrigo Maia.
"Não estou de malas prontas, mas acho que existe espaço para um novo partido no Brasil", disse ontem.
Com medo de ser hostilizado por filiados do seu atual partido, Kassab não deve comparecer à convenção do DEM hoje em Brasília.


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