São Paulo, domingo, 15 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

'Oposição precisa fazer o debate e encontrar proposta do futuro'

A oposição vai se recompor, unificar partidos?
Os grandes movimentos não vieram dos partidos. Vieram da rua. A campanha das diretas, o impeachment, a vitória de Fernando Henrique Cardoso. A oposição vai precisar fazer o debate para encontrar a proposta do futuro.

No que vai resultar o PSD?
Isso se insere no processo desse conjunto em que Kassab sempre esteve. Como não tinham mais caminho, estão tentando se reinserir no quadro político sem ter uma posição automática contra o governo. Na base do governo convivem forças políticas que não são diferentes das que estão entrando no PSD.

Uma base tão ampla não paralisa o governo?
Uma grande coalizão como essa corre o risco de não existir mais, e a alternativa é sair da própria base.

Por que não houve a fusão com o PSD?
Nunca trabalhamos com essa possibilidade. Podemos ter alianças.

Como avalia as saídas de Paulo Skaf e Gabriel Chalita?
Nos sentimos desafiados a continuar crescendo com quem queira desenvolver projetos coletivos. O tempo dirá quem tem razão.

Seu avô, Miguel Arraes, dizia que seus maiores adversários eram os grandes proprietários. Quem são os seus? Procuro mais aliados do que adversários. Na eleição se expressaram os nossos adversários. Por um processo histórico, a carga de preconceito é bem menor do que sobre o dr. Arraes. Não vejo nenhum segmento empresarial com preconceito. Eles têm sua lógica de buscar lucro.

Qual a possibilidade de uma aliança sua com Aécio Neves?
Sou amigo do Aécio, militamos juntos. Acho que vamos manter as alianças. Em 2012, na eleição municipal, deveremos estar em muitos palanques juntos, onde já estamos, como Belo Horizonte.

Qual o futuro de Ciro Gomes?
É um grande quadro. Tivemos divergências. Ele pode ser candidato a qualquer coisa no PSB. Tem talento, história, nosso respeito.

Como economista, está preocupado com inflação, câmbio, juros?
Sim. O cenário externo é mais restritivo. A inflação precisa voltar para o centro da meta. Nada indica que o câmbio irá voltar a patamares do passado. Tudo isso passa por ajustar o juro brasileiro ao patamar do juro internacional. Isso não se faz por decreto, mas com grande esforço, inclusive fiscal.

Entre desenvolvimentistas e monetaristas, com quem fica? Acho que a verdade está pelo meio. A inflação não veio por demanda. Veio por preços administrados, por regras fixadas lá atrás. Energia elétrica, por exemplo.

Foi um erro do processo de privatização?
É um erro, inconsistência de uma regra. Os espaços para corte cada vez são mais limitados porque a expressão do gasto em juro é cada vez maior no bolo da despesa. O país precisa expandir a capacidade de investimento.

Na sua visão, qual é a reforma política necessária?
Reformas política e tributária são importantes e devem ser feitas fatiadas. A pedra de toque é olhar o longo prazo -2022, por exemplo. E fazer um pacto para fazer uma reforma de como se financia o Estado e de como o Estado se organiza.

O que achou do texto de FHC? É a primeira formulação da oposição para tentar construir um caminho. Li duas vezes. Para estar na vida pública, é preciso ter estratégia.

Há dificuldade para um político baseado no Nordeste conquistar a Presidência?
Na verdade, tem. Pela expressão eleitoral. A tendência é que questões regionais sejam superadas no debate.

Leia outros trechos
folha.com/po915742


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.