São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2011 |
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Projeto de Comissão da Verdade deve ser votado às pressas Ideia é negociar no Congresso trâmite sem debates; texto desagrada tanto militares quanto grupos de esquerda Projeto quer criar grupo para investigar e fazer a narrativa das violações aos direitos humanos durante a ditadura JOÃO CARLOS MAGALHÃES DE BRASÍLIA O governo tenta fechar um acordo para que o projeto de lei que cria a Comissão da Verdade seja aprovado no Senado e na Câmara o mais rápido possível e sem debates públicos no Congresso. A ideia é que, logo que os termos do ajuste com base e oposição estejam fechados, o projeto -que estabelece uma comissão para investigar e fazer a narrativa oficial das violações aos direitos humanos durante a ditadura- seja aprovado nas duas Casas. A tentativa de aprovar o texto atual, enviado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desagrada tanto militares da reserva quanto entidades ligadas a militantes de esquerda que lutaram contra a ditadura. Ambos os lados querem modificações no projeto. Militares pedem que o texto explicite a obrigação de analisar os crimes cometidos por opositores do regime militar. Já os grupos de esquerda querem que não haja confidencialidade de depoimentos, como previsto. Na avaliação deles, a prerrogativa protegeria militares ligados a mortes ou torturas. Para convencer os dois lados, o governo usa o argumento de que a comissão será independente, ou seja, nenhum de seus sete membros terá ligação com militares ou militantes contra a ditadura. Em vez de familiares de mortos e militares, a comissão teria uma composição mais técnica, com acadêmicos e estudiosos indicados por Dilma. A tática para fechar o acordo é conseguir concordância sobre o trâmite em regime de urgência urgentíssima e assegurar que não há divergência entre Câmara e Senado. ATRASO Inicialmente, o governo queria a aprovação até o fim do mês, para que os trabalhos do grupo -com duração prevista de dois anos- começassem em agosto. Mas as divergências criadas pela votação do Código Florestal e, depois, a crise causada pela revelação da multiplicação do patrimônio do ex-ministro Antonio Palocci atrasaram os planos. ACM Neto (BA), líder do DEM na Câmara, disse que o acordo "está muito avançado" e pode se concretizar no início do segundo semestre. Hoje, o principal pedido de opositores é que o Congresso indique dois dos membros para a comissão. Segundo a Folha apurou, o governo deve reforçar os esforços para acelerar a votação e, assim, dar uma resposta pública às críticas sobre ter decidido manter o sigilo eterno de documentos. Texto Anterior: Análise: Publicidade de documentos torna cidadãos mais ativos Próximo Texto: Câmara: Regra para obras da Copa está na pauta Índice | Comunicar Erros |
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