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FOCO
Em biografia na web, Dilma aparece como precursora do laptop na política
DE BRASÍLIA
Ela era "a única que tinha
laptop", conta uma amiga do
Rio Grande do Sul da década
de 80. Em 2002, preparando-se para assumir o Palácio do
Planalto, Lula se recorda da
mulher que entrou em sua
sala "com um laptop na
mão". Naquele momento o
presidente eleito decidiu
quem seria sua ministra de
Minas e Energia.
Essas são cenas e depoimentos do filme de 9 minutos
e 54 segundos divulgados
nesta semana sobre a vida de
Dilma Rousseff (endereço na
web ao final deste texto).
Dilma aparece como administradora. Em uma cena, circunspecta, analisa a tela de
um laptop Sony Vaio ao lado
do presidente Lula. O tom do
programa busca enfatizar o
que seria a capacidade empreendedora da petista.
Ela não teria sido apenas a
precursora do uso do laptop
na política, mas também de
outras ideias. Por exemplo,
diz o locutor, foi Dilma a primeira a falar e a defender o
uso de energia eólica quando
era responsável por essa área
no governo gaúcho.
Como se trata de propaganda, e não de uma biografia propriamente, a petista é
enaltecida do início ao fim.
Repete-se a cena do programa partidário do PT, de
maio, no qual Lula comparou sua candidata ao sulafricano Nelson Mandela. "Uma
parte da história da Dilma me
lembra muito a do Mandela",
diz o presidente brasileiro.
Nota-se que é uma produção trabalhada ao longo de
vários meses. Dilma dá depoimentos aparecendo ainda com seu cabelo antigo,
antes do novo estilo criado
pelo cabeleireiro Celso Kamura. A nova imagem só surge no final, quando o jingle
da campanha martela o refrão e frase-síntese da candidata oficial: "O Lula tá com
ela, eu também tô".
Junto da biografia em vídeo, a página da petista também oferece um texto de 2.113
palavras. Está aí o trecho citado ontem pela coluna "Painel", da Folha, no qual a menina Dilma protagoniza a seguinte história:
"Certo dia, bateu à porta
um menino tão magro e de
olhos tão tristes que ela rasgou ao meio a única nota que
tinha. Ficou com metade da
cédula e deu a outra metade
ao menino. Dilma não sabia
que meio dinheiro não valia
nada. Mas já sabia dividir."
Na biografia autorizada de
Dilma Rousseff, o "Brasil" é
citado 13 vezes. Uma a menos
do que a palavra "Lula", com
14 menções no texto.
(FERNANDO RODRIGUES)
Veja o vídeo de Dilma
folha.com.br/po766994
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