São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2011

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PF investigará emissora de TV por divulgar dado sigiloso

Jornalista também é alvo de inquérito após publicar informações sob segredo de Justiça; entidades de imprensa repudiam caso

NATÁLIA CANCIAN
DE SÃO PAULO

A TV Tem de São José do Rio Preto, emissora afiliada à Rede Globo, será investigada em novo inquérito na Polícia Federal por ter divulgado informações preservadas por segredo de Justiça.
Até então, a emissora fazia parte de inquérito que gerou, em junho, o indiciamento do repórter Allan de Abreu, do jornal "Diário da Região".
A Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) diz que o segredo de Justiça não cabe ao jornalista, que, segundo a associação, tem o dever de informar a sociedade sobre assuntos de interesse público.
"Criminalizar o jornalista por isso significa ferir de morte a democracia", diz o presidente da entidade, Emanuel Soares Carneiro.
Para o presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Celso Schröder, é um "despropósito atribuir ao jornalista qualquer responsabilidade criminal devido à divulgação de informação".
Segundo ele, o segredo cabe apenas aos profissionais envolvidos no processo, como advogados e promotores.
Abreu foi indiciado sob suspeita de divulgar trechos de escutas telefônicas da Operação Tamburutaca, que apura suposto esquema de corrupção na cidade.
A TV Tem reproduziu matéria com trechos das escutas em 30 de abril -um dia antes do "Diário".
O pedido de abertura de inquérito para investigar o vazamento dos dados foi feito pelo Ministério Público Federal no dia 4 de julho.
Nele, a procuradora Ana Claudia Lazzarini pede o desmembramento das investigações relativas à TV em um inquérito separado.
Lazzarini afirmou que apenas seguiu a proposta original do colega Álvaro Stipp, que fez o primeiro pedido de abertura de inquérito e solicitou o indiciamento de Abreu.
Em nota, o procurador diz que o indiciamento ocorreu porque o repórter descumpriu a lei 9.296, que considera crime quebrar segredo de Justiça sem autorização.
A TV Tem disse que só vai se manifestar após ser notificada do novo inquérito. Sobre a reportagem, afirmou que seguiu "os limites da liberdade de imprensa previstos constitucionalmente".


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