São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2010

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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

Campanha rica de sucessor de Delúbio é alvo de dossiê

Documento é atribuído por ex-tesoureiro do PT a disputa interna no partido

Candidato a deputado federal, Paulo Ferreira já arrecadou R$ 382 mil, mais do que todos os demais petistas no RS


RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

O sucessor de Delúbio Soares nas finanças do PT, Paulo Ferreira (RS), dono da campanha a deputado mais rica do partido no Rio Grande do Sul, é o mais novo alvo de fogo amigo dentro do partido.
Aliado do ex-deputado José Dirceu (SP), Ferreira, 51, foi o tesoureiro nacional do PT até o início de 2010. Assumiu o cargo em 2006, após a queda do tesoureiro Delúbio no escândalo do mensalão.
Nos últimos dias, uma carta anônima de cinco páginas com acusações contra Ferreira, intitulada "Salvem o PT" e de autoria de um suposto "petista e fundador do PT" do RS, circulou em órgãos públicos de Porto Alegre e órgãos de comunicação.
O candidato disse saber da carta desde abril. Atribui o papel a uma briga interna partidária. "Eu tributo ela [a carta] a essa disputa interna do PT, sem dignidade, de se apresentar quem é que assina: "Eu, Fulano de Tal, acuso Fulano de Tal"."
Ferreira diz não saber quem é o autor. A Folha apurou que cópias também foram enviadas aos e-mails dos deputados federais Antonio Palocci (SP) e Arlindo Chinaglia (SP) e dos estaduais Raul Pont, presidente estadual do PT, e Adão Villaverde (RS).
O papel descreve supostos gastos excessivos na campanha de Ferreira, como o uso de um jatinho da empresa de calçados Grendene, "emprestado" ao candidato.
Ferreira disse que, de fato, tem usado jatinhos, mas diz que eles seriam alugados de uma empresa de táxi aéreo. Afirmou que vai declarar o gasto à Justiça Eleitoral.
Na lista parcial de despesas da campanha, referente a agosto, não há nenhum registro no item "transporte ou deslocamento". Ferreira declarou ter arrecadado R$ 382 mil, acima do informado pelos outros 19 candidatos do PT-RS ao mesmo cargo.
Outro trecho da carta diz que Ferreira beneficiou escolas de samba, que hoje apoiam sua candidatura, por meio de projetos de captação de recursos pela Lei Rouanet de incentivo à cultura.
O candidato reconheceu ter ajudado as escolas, mas dentro da lei. "Tem parlamentares que têm emendas, certo? Eu ajudo as pessoas que buscam apoio às suas atividades. Se eu quisesse enriquecer, eu faria outra coisa", disse.
A carta diz ainda que Ferreira banca campanhas de outros candidatos. E que Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre, teria desaprovado a estratégia e ofendido Ferreira num encontro com outros candidatos.
Pont negou ter falado algo negativo sobre o ex-tesoureiro. Mas, indiretamente, reconheceu a opulência da campanha de Ferreira.
"Eu não sei os recursos que ele está movimentando. É visível que ele tem uma campanha grande, mas isso não é virtude, ou problema, só dele", disse.
Na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral, Ferreira declarou ter repassado R$ 40 mil para "outros candidatos e comitês financeiros".


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