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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Campanha rica de sucessor de Delúbio é alvo de dossiê
Documento é atribuído por ex-tesoureiro do PT a disputa interna no partido
Candidato a deputado federal, Paulo Ferreira já arrecadou R$ 382 mil, mais do que todos os demais petistas no RS
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
O sucessor de Delúbio Soares nas finanças do PT, Paulo
Ferreira (RS), dono da campanha a deputado mais rica
do partido no Rio Grande do
Sul, é o mais novo alvo de fogo amigo dentro do partido.
Aliado do ex-deputado José Dirceu (SP), Ferreira, 51,
foi o tesoureiro nacional do
PT até o início de 2010. Assumiu o cargo em 2006, após a
queda do tesoureiro Delúbio
no escândalo do mensalão.
Nos últimos dias, uma carta anônima de cinco páginas
com acusações contra Ferreira, intitulada "Salvem o PT" e
de autoria de um suposto
"petista e fundador do PT"
do RS, circulou em órgãos
públicos de Porto Alegre e órgãos de comunicação.
O candidato disse saber da
carta desde abril. Atribui o
papel a uma briga interna
partidária. "Eu tributo ela [a
carta] a essa disputa interna
do PT, sem dignidade, de se
apresentar quem é que assina: "Eu, Fulano de Tal, acuso
Fulano de Tal"."
Ferreira diz não saber
quem é o autor. A Folha apurou que cópias também foram enviadas aos e-mails dos
deputados federais Antonio
Palocci (SP) e Arlindo Chinaglia (SP) e dos estaduais Raul
Pont, presidente estadual do
PT, e Adão Villaverde (RS).
O papel descreve supostos
gastos excessivos na campanha de Ferreira, como o uso
de um jatinho da empresa de
calçados Grendene, "emprestado" ao candidato.
Ferreira disse que, de fato,
tem usado jatinhos, mas diz
que eles seriam alugados de
uma empresa de táxi aéreo.
Afirmou que vai declarar o
gasto à Justiça Eleitoral.
Na lista parcial de despesas da campanha, referente a
agosto, não há nenhum registro no item "transporte ou
deslocamento". Ferreira declarou ter arrecadado R$ 382
mil, acima do informado pelos outros 19 candidatos do
PT-RS ao mesmo cargo.
Outro trecho da carta diz
que Ferreira beneficiou escolas de samba, que hoje
apoiam sua candidatura, por
meio de projetos de captação
de recursos pela Lei Rouanet
de incentivo à cultura.
O candidato reconheceu
ter ajudado as escolas, mas
dentro da lei. "Tem parlamentares que têm emendas,
certo? Eu ajudo as pessoas
que buscam apoio às suas
atividades. Se eu quisesse
enriquecer, eu faria outra
coisa", disse.
A carta diz ainda que Ferreira banca campanhas de
outros candidatos. E que
Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre, teria desaprovado
a estratégia e ofendido Ferreira num encontro com outros candidatos.
Pont negou ter falado algo
negativo sobre o ex-tesoureiro. Mas, indiretamente, reconheceu a opulência da campanha de Ferreira.
"Eu não sei os recursos
que ele está movimentando.
É visível que ele tem uma
campanha grande, mas isso
não é virtude, ou problema,
só dele", disse.
Na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral, Ferreira declarou ter repassado
R$ 40 mil para "outros candidatos e comitês financeiros".
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