São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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Só 29% das ações foram julgadas em 2009

Segundo relatório do CNJ, mais de 70% dos processos que tramitavam no ano passado não foram finalizados

Levantamento mostra que principal gargalo de ações está na primeira instância; Justiça do Trabalho é a mais célere


FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA

Apenas 29% dos processos que tramitavam na Justiça em 2009 foram julgados, revela levantamento estatístico do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) sobre o Poder Judiciário divulgado ontem.
"O principal gargalo está no total de processos que não são finalizados na primeira instância. De cada 100 processos em tramitação, apenas 24 foram finalizados até o final do ano", diz o relatório.
A pior situação encontra-se na primeira instância dos juizados especiais, que apresentou uma taxa de congestionamento de 90% -ou seja, de cada 100 processos, apenas 10 foram resolvidos.
No Rio de Janeiro, o percentual de ações não decididas chegou a 97%.
A Justiça do Trabalho é a mais célere: de cada 100 processos em tramitação, 51 foram decididos.

DESPESAS
O relatório mostra que o Judiciário gastou R$ 37,3 bilhões em 2009 -cerca de 10% a mais do que aquilo que foi gasto em 2008. Deste valor, cerca de 90% são relativos a despesa com pessoal.
A Justiça Estadual, que tem os maiores índices de lentidão, foi responsável por mais de R$ 18 bilhões.
As estatísticas mostram também que R$ 11,9 bilhões voltaram aos cofres públicos devido a decisões judiciais.
O relatório também revela que existiam no Judiciário brasileiro 86,6 milhões de processos em tramitação no ano passado. Deste total, 25,5 milhões são casos novos. O número é 23,5% maior do que o registrado em 2008, quando havia 70,1 milhões de ações em tramitação.
Não entram no levantamento dados de tribunais superiores e Justiça Eleitoral.
Para julgar os processos, o país possui 16,1 mil magistrados -uma média de 8 juízes para cada 100 mil habitantes. "Para se ter uma ideia, em países como a Espanha, Itália e Portugal, existem cerca de 18 magistrados por 100 mil habitantes", disse o presidente do conselho, ministro Cezar Peluso.
O relatório Justiça em Números é realizado desde 2004, para verificar onde estão os gargalos da Justiça.


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