São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2010

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Para especialistas, agenda negativa é natural no 2º turno

Ataque para desqualificar rival é parte do jogo, mas excesso gera "efeito bumerangue", opinam analistas

Cientistas políticos e publicitários renegam a máxima de que, em campanha política, "quem bate perde"

DE SÃO PAULO

O acirramento da campanha, com Dilma Rousseff e José Serra buscando desqualificar um ao outro, é, na avaliação de especialistas, natural da fase final da disputa.
Para marqueteiros e cientistas políticos, o eleitor brasileiro tem maturidade para discernir o golpe legítimo da baixaria, mas quem ultrapassar o limite perderá votos.
"[O aumento do tom] É absolutamente natural do momento das campanhas e das pesquisas. O [Luiz] Gonzalez [marqueteiro de Serra] produziu um resultado que trouxe o João Santana [marqueteiro de Dilma] para a briga", interpreta o publicitário Paulo de Tarso, que fez a campanha de Marina Silva.
De acordo com ele, "vão prevalecer o ataque e a defesa que forem verdadeiros. Ataques com base em invenção geralmente não dão certo. O povo tem a perfeita capacidade de distinguir".
O sociólogo e analista de pesquisas Antonio Lavareda considera "natural que campanhas negativas tenham mais espaço no segundo turno, porque é importante aumentar a rejeição ao adversário, independentemente dos temas em questão".
Tanto é assim, ilustra, que, na França, diz-se até que não é o candidato que ganha, mas o oponente que perde.
Para Lavareda, quem faz campanha negativa precisa estar atento a um possível "efeito bumerangue", quando ela passa da medida certa e se torna agressiva demais. Ele também afirma que "o que está ocorrendo aposenta de vez a ideia de que quem ataca perde; foi uma tolice esse axioma".
O publicitário Fernando Barros, dono da Propeg, também rejeita o axioma, atribuído ao marqueteiro Duda Mendonça.
"É falacioso e pouco verdadeiro. Toda campanha é confronto. O eleitor que diz que quer ver mais propostas não fala a verdade."
Embora considere a campanha negativa esperada, o cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Cepac -Pesquisa e Comunicação, afirma que a "campanha rottweiler" inverte a história dos partidos.
"O PT e o Lula só ganharam eleição presidencial quando deixaram de ser o partido raivoso para se tornarem "paz e amor". Por outro lado, a oposição passou oito anos pouco ativa, e agora vai para cima."
Segundo Figueiredo, "o PT caiu numa armadilha, pois precisa reagir, mas, ao fazê-lo, resgata uma imagem ruim para o partido". (FABIO VICTOR E UIRÁ MACHADO)


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