São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

"Estou pronto para abacaxis", diz Padilha

Após atrito com PMDB, ministro diz que voltou a falar com aliados, mas que nomeará equipe técnica na Saúde

Petista atribui início de crise a "acomodação natural" e afirma que escolherá "os que mais podem fazer pelo país"

Alan Marques/Folhapress
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante entrevista em seu gabinete, em Brasília, com o Congresso ao fundo

VALDO CRUZ
ANGELA PINHO
DE BRASÍLIA

Foco da primeira crise política do governo Dilma, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) disse à Folha que "voltou a conversar" com os aliados e vai ouvir suas sugestões, mas montará sua equipe com base em critérios técnicos.
Depois de entrar em atrito com peemedebistas, Padilha disse que está escolhendo sua equipe com base na conversa que teve com a presidente Dilma Rousseff ao ser convidado para o posto.
Segundo ele, a presidente lhe disse que "vai cobrar resultados de mim e da minha equipe" por considerar a área uma "prioridade".
Antes comandado pelo PMDB, o Ministério da Saúde voltou ao controle petista com Dilma, e Padilha montou um secretariado sem participação de peemedebistas.
Foi obrigado a paralisar a montagem de sua equipe quando decidiu trocar o comando da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), e os peemedebistas reagiram, pois consideram o órgão vital para o partido. O acerto foi que as nomeações, a partir de agora, serão negociadas, mas com base em critérios técnicos.
Padilha atribuiu o início de crise a uma "acomodação natural" de começo de governo e disse que na Saúde vai escolher "aqueles que mais podem fazer pelo país".
A seguir, trechos da entrevista à Folha.

 

Folha - O sr. acreditava que, ao assumir um ministério técnico como a Saúde, enfrentaria tanto abacaxi político?
Alexandre Padilha
- Estou preparado para qualquer abacaxi técnico e político. Vim com a prioridade em relação aos desafios técnicos da saúde pública. A presidente deu sinais claros, quando me fez o convite e em seus primeiros movimentos, que quer transformar a saúde em uma das prioridades de seu governo.

Mudanças na equipe feitas pelo sr. provocaram um início de crise política com o PMDB. O sr. fez seguindo ordens da presidente?
Primeiro, não vejo crise. É um processo normal de acomodação de início de governo. Ministros assumem e têm de compor sua equipe com pessoas da sua confiança e da qualidade técnica.
Meu critério fundamental é identificar as pessoas que mais podem fazer pelo país. Mas vou estar sempre disposto a ouvir de todos as sugestões em relação ao ministério e vou seguir as que tiverem interesse com a área.

O PMDB reclamou principalmente da troca na Funasa.
Não tem definição ainda sobre o comando da Funasa. Nesse momento minha prioridade em relação a ela é definir metas para o órgão. Tem um debate que estou trazendo para o ministério, que é rever o modelo para implantação do saneamento nos pequenos municípios da área rural. A Funasa é fundamental para isso.

O sr. disse que não há crise política, mas se reuniu com o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, para contornar essa rebelião. Fecharam um acordo?
Minha relação com todos os partidos da base aliada é a melhor possível. Inclusive com o PMDB.

Mas o líder disparou torpedos na sua direção.
Mas saiu daqui ontem [terça-feira] dizendo que temos uma ótima relação. Voltamos a conversar. Nesse período inicial de acomodação de governo, é natural que possam existir críticas. O deputado Henrique Eduardo Alves saiu feliz daqui porque, acredito, viu que continuo sendo uma pessoa aberta a ouvir a todos.


Texto Anterior: Câmara: Pré-candidato desiste de disputar presidência
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.