São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Prestes atribuiu ao exército força da URSS

Defesa do aparato militar do proletariado está em artigo do líder comunista que se exilou em Moscou nos anos 30

Documento integra um lote de manuscritos de Prestes recentemente entregues pelo governo da Rússia para o Brasil

GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE

Exilado em Moscou nos anos 30, o líder comunista Luiz Carlos Prestes (1898-1990) relacionava a sobrevivência do regime comunista na URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) à força do Exército Vermelho.
A conclusão está em esboço de artigo destinado possivelmente à imprensa comunista, onde Prestes previa, em 1934, que o aparato militar seria a "grande garantia da política de paz da URSS" e contra a invasão de forças estrangeiras ao que chamava de "Pátria do proletariado".
O documento integra um lote de manuscritos de Prestes recentemente entregues pelo governo russo ao Brasil e obtidos com exclusividade pela Folha.
"O Exército Vermelho, como arma do proletariado no poder, [...] é um dos grandes fatores que vão auxiliando o proletariado de todo o mundo na luta que sustenta contra a guerra imperialista e contra o ataque à Pátria do proletariado", escreveu.
A análise de Prestes se mostraria correta à luz dos fatos que ocorreriam na Segunda Guerra Mundial (1939-45), quando Adolf Hitler mandou tropas invadirem a URSS em junho de 1941.
A invasão nazista rompeu o pacto Ribbentrop-Molotov, acordo secreto de não agressão estabelecido entre Joseph Stálin e Hitler, em 1939.
Depois, o Exército Vermelho venceria a histórica batalha de Stalingrado contra os nazistas, marcando o início de uma contraofensiva que conduziria os russos à tomada de Berlim (1945) e seria fundamental para a vitória dos países aliados.
Na Segunda Guerra, a URSS lutava com os aliados -EUA, Inglaterra e França- contra os países do Eixo -Alemanha, Itália e Japão.
Historiadores afirmam que a marcha do Exército Vermelho rumo à Alemanha deu a Stálin a vantagem definitiva para delimitar esfera de influência soviética.
O manuscrito de Prestes é do final do seu primeiro exílio na URSS (1931-34), período em que suas atividades são pouco conhecidas.
Ele só retornaria ao Brasil no ano seguinte para comandar a fracassada tentativa de derrubar Getúlio Vargas do governo na década de 30.


Texto Anterior: Elio Gaspari: Cabral e Dilma culparam os outros e o povo
Próximo Texto: Líder criticou Forças Armadas "capitalistas'
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.