São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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Reeleito na Assembleia, tucano se diz injustiçado

Após receber 92 de 94 votos, Barros Munhoz agradece o apoio do PT

Em discurso, deputado declara que teve todas as contas aprovadas e sustenta que nunca cometeu ato irregular

FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO

Reeleito para presidir a Assembleia Legislativa de São Paulo com 92 dos 94 votos, o deputado Barros Munhoz (PSDB) se disse "massacrado" e "injustiçado", e fez de seu discurso de posse uma defesa de inocência.
Sem mencionar diretamente a denúncia do Ministério Público de que teria participado do desvio de R$ 3,1 milhões da Prefeitura de Itapira (SP) à época em que era prefeito -revelada pela Folha na última sexta-feira-, Munhoz afirmou que nunca cometeu um ato de irregularidade e que teve todas as suas contas aprovadas.
"Nada vale mais do que a honra. Não há dor física que seja maior do que a dor da ofensa à honra. Essa dói na alma", disse o deputado.
"Tenho certeza absoluta que essa votação que recebo hoje, consagradora, não é uma homenagem pessoal a mim, mas a todos os políticos honestos e prefeitos dedicados que sofrem e labutam por suas cidades e têm sido alvo da injusta perseguição de maus promotores que denigrem a imagem dessa instituição tão importante que é o Ministério Público."

SEM CONDENAÇÃO
No dia 12, a Folha revelou também que as licitações que levaram o Ministério Público a investigar o presidente da Assembleia tiveram concorrência simulada e foram vencidas por empresas cujos donos eram laranjas.
Em seu discurso após ser reconduzido ao cargo, Barros Munhoz insistiu na tese de que a denúncia ainda não foi aceita pela Justiça e que não há condenação definitiva.
"Essa representação que serviu de pano de fundo pra tanta calúnia, injúria e difamação que sofri nem sequer foi recebida. Fui condenado sem ter sido julgado."
Ao versar sobre a presunção da inocência, citou a Revolução Francesa, o Iluminismo, a Constituição, a Declaração Universal dos Direitos do Homem. E citou uma frase de Theodore Roosevelt, ex-presidente dos EUA.
"É melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfo e glória, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota", citou Munhoz.
O presidente da Assembleia só não teve os votos dos deputados Carlos Giannazi (PSOL) e Major Olímpio (PDT), que se lançaram candidatos e votaram em si mesmos. Munhoz agradeceu os 24 votos que recebeu da bancada petista e e disse que o partido mostrou maturidade.
"O PT soube fazer valer o princípio sagrado da presunção de inocência e soube fazer algo que o dignifica: atuar de forma combativa e leal, fazendo algo que às vezes choca as pessoas."

RUI FALCÃO
Munhoz agradeceu sobretudo ao deputado Rui Falcão (PT), eleito primeiro-secretário da Assembleia, a quem chamou de "figura maiúscula do parlamento paulista".
Falcão foi o principal articulador petista na composição da nova Mesa e defensor do pragmatismo da manutenção da aliança com os tucanos mesmo após o surgimento das acusações contra o presidente da Assembleia.
Ainda que a bancada petista tenha crescido e seja, pela primeira vez em sua história, a maior do Legislativo paulista, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) terá maioria tranquila -pelo menos 61 dos 94 deputados.


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