São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Mudanças terão de esperar, avalia governo

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O governo precisa cumprir duas etapas antes de implementar um programa de eliminação dos últimos mecanismos de indexação da economia: primeiro, baixar a inflação e colocá-la no centro da meta, atualmente de 4,5%; depois, reduzir a atual meta e cumpri-la.
É a avaliação de assessores da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff envolvidos nos debates sobre a necessidade de uma nova rodada de desindexação da economia, para acabar com mecanismos que dificultam o combate à inflação.
Só assim, dizem esses assessores, os agentes econômicos aceitariam negociar o fim ou a mudança nas regras de indexação dos contratos.
O assunto voltou a ser debatido dentro do governo por conta da inflação elevada observada neste início da gestão Dilma, que só agora dá sinais de queda.
Em recente reunião interna, o ministro Guido Mantega (Fazenda) tratou do tema com sua equipe e destacou que baixar a inflação no Brasil tem uma dificuldade extra: a existência de mecanismos de indexação, tanto formais como informais, ao analisar as decisões do Banco Central de subir os juros.

AJUSTES
Para os técnicos, o governo precisa atuar para acabar com esses mecanismos ou modificá-los, mas não pode adotar programa compulsório, baixado por decretos e medidas provisórias.
Segundo um assessor, os agentes econômicos só aceitam esse tipo de medida unilateral quando a economia está totalmente desorganizada, como antes do real.
Isso não impede, porém, o governo de buscar pelo menos ajustes no médio prazo para atacar pontos considerados sensíveis no combate à inflação. Os contratos de aluguel estão nessa lista.
O governo avalia ser necessário, por exemplo, acabar com o IGP-M como indexador dos aluguéis, pois esse índice reflete mais variação de preços de commodities e do câmbio, o que acaba importando inflação para o setor. O ideal, segundo técnicos, seria adotar um índice de preços ao consumidor.
Outra ideia é acabar com os títulos da dívida pública atrelados a índices pós-fixados, como a taxa Selic. Isso, porém, não é viável no curto prazo, com juros em alta.
Um técnico lembra que o investidor cobraria caro para trocar seu papel pós-fixado por um prefixado. Isso tem de ser feito, segundo ele, num cenário de juros em queda e certeza de uma taxa de inflação baixa no futuro.
Na agenda de médio prazo do governo estão também mudanças na remuneração da poupança. Hoje, elas têm rendimento fixo de TR (Taxa Referencial), mais 0,5% ao mês, criando um piso para a redução das taxas de juros.
Caso os juros do BC fiquem abaixo dos da poupança, investidores tendem a migrar para lá, tirando aplicações de títulos do governo, o que prejudica a política monetária.


Texto Anterior: Aumentos salariais reforçam indexação e turbinam preços
Próximo Texto: Entrevista da 2ª - Fernando Haddad: "É colocar carro na frente dos bois", diz Haddad sobre Prefeitura de SP
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.