São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2011

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PT se une para votar contra governo

Ressentidos com perda de espaço no Planalto, deputados querem retomar discussões que aumentam despesas

Presidente da Câmara disse que incluirá na pauta regulamentação de gastos para a saúde e piso salarial de policiais


CATIA SEABRA
NATUZA NERY

DE BRASÍLIA

Dois dias após a posse de Ideli Salvatti na articulação política, o PT na Câmara, liderado pelo presidente da Casa, Marco Maia (RS), decidiu afrontar o governo com propostas que contrariam a presidente Dilma Rousseff.
Com aval dos principais líderes partidários, Maia disse que incluirá na pauta de votação a regulamentação da emenda que obriga gastos mínimos com a saúde (emenda 29) e indicou que tocará discussões para fixar o piso salarial para bombeiros e policiais (PEC 300).
Juntas, as duas medidas representam um impacto anual próximo a R$ 58 bilhões, despesa extra que contraria a necessidade de economia na área fiscal.
O PT da Câmara se ressente de ter perdido espaço na cozinha do Planalto ao não conseguir manter um deputado do partido na Secretaria de Relações Institucionais.
Ao retomar a discussão dos dois temas, Marco Maia cumpriu a vontade da maioria das legendas aliadas e deixou claro seu descontentamento com o governo.
Causou surpresa no Planalto o fato de até líderes petistas terem apoiado o gesto, caso de Paulo Teixeira (SP), no comando da bancada. Até mesmo o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), que foi preterido por Dilma na escolha para a articulação política, disse ver com "com naturalidade" a inclusão das propostas.

ENDOSSO
A emenda 29, segundo o presidente da Câmara, será votada até o dia 15 de julho.
Já a PEC 300, proposta que enfrenta resistência dos governadores, fica para o segundo semestre, após ser discutida por comissão.
No plenário da Câmara, petistas endossavam ontem a decisão, sob o argumento de que a destinação de recursos para a saúde é uma bandeira da esquerda.
Segundo o secretário de comunicação do PT, André Vargas (PR), "essa é uma proposta dos movimentos sociais, do PT".
"A própria presidente Dilma prometeu aprovar a emenda 29 na marcha dos prefeitos", disse o presidente do PT-MG, Reginaldo Lopes.
Há no governo quem veja o movimento como um revide à escolha de Ideli para a articulação no lugar de um deputado petista, o seu antecessor Luiz Sérgio (RJ). A transferência dele para o Ministério da Pesca foi encarada como sinal de desprestígio da Câmara.
Na avaliação do Planalto, o problema não é levantar essas propostas, mas incluí-las na ordem do dia em um momento político delicado como o atual. O Executivo ainda se recupera de sua primeira crise com a saída de Antonio Palocci da Casa Civil.

Colaborou MARIA CLARA CABRAL, de Brasília


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