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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Para procuradora, Lula usou máquina em favor de Dilma
Sandra Cureau diz que candidatura petista pode ser cassada por abuso de poder e requisita vídeos para investigar o caso
O advogado-geral da União, Luís Adams, nega que o presidente tenha pedido votos
para a candidata do PT
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
A vice-procuradora-geral
eleitoral, Sandra Cureau, que
apura se Luiz Inácio Lula da
Silva usou a máquina pública em favor de Dilma Rousseff, diz que houve abuso do
poder político e econômico e
que isso pode levar à cassação de sua candidatura.
Lula havia elogiado sua
candidata ao Planalto durante evento oficial de lançamento do edital do trem-bala, anteontem, atribuindo à
Dilma os méritos do projeto.
"A verdade é que a companheira Dilma Rousseff assumiu a responsabilidade de
fazer esse TAV [trem-bala], e
foi ela que cuidou, junto com
a Miriam Belchior, junto com
a Erenice [Guerra]. Não podemos negar isso", disse Lula.
Sandra Cureau abriu procedimento administrativo
para investigar o caso e requisitou vídeos do evento.
Fazendo a ressalva de que
falava em tese, Cureau afirmou que "é um caso de abuso de poder político em prol
de uma candidata determinada. É abuso de poder político, sem dúvida, e incorre
em abuso de poder econômico, já que é feito às custas do
erário público. Vou analisar
as provas e se for o caso entro
com ação de investigação judicial eleitoral", afirmou.
Segundo ela, a ação "pode
gerar a cassação do registro
de candidatura" da petista:
"Até porque a jurisprudência
do TSE já está pacificada no
sentido de que, se há um candidato beneficiado pelo mau
uso da máquina pública, na
verdade não é necessária a
participação direta desse
candidato no ilícito".
"É absolutamente proibido, nessa época do ano, que,
em inaugurações, se faça
propaganda para um candidato. É uso da máquina pública", disse. "Antes era caso
de propaganda extemporânea. Agora é caso de abuso
de poder político, uso da máquina. Agora é uma situação
mais grave que a anterior."
O advogado-geral da
União, Luís Inácio Adams,
discorda da procuradora: "O
que o presidente fez foi registrar que, no resultado de um
trabalho de seu governo, a
ministra teve participação.
Ele, inclusive, não citou apenas ela, mas outras pessoas
que também participaram".
Segundo Adams, em nenhum momento o presidente
pediu votos para Dilma, nem
mesmo de forma subliminar.
O evento era transmitido
pela TV estatal NBR, o que
para Cureau, "é mais um
agravante". No dia seguinte,
o presidente pediu desculpa,
mas voltou a elogiar Dilma.
Cureau vai investigar a atitude de Lula nos eventos. Segundo ela, o presidente "não
consegue ficar calado". Ele já
foi multado por seis vezes,
por propaganda antecipada.
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