São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

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Evangélica, Marina diz ser vítima de preconceito

"Nunca tomei álcool, só biotônico", afirma

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Única evangélica na corrida presidencial, a candidata Marina Silva (PV) disse ontem se sentir vítima de preconceito na campanha.
Em tom de desabafo, ela afirmou ser alvo de "estranhamento" por suas convicções religiosas e relatou um sentimento de "dor e tristeza" por ser vista por alguns como fundamentalista.
"Sinto um certo estranhamento das pessoas. Seria hipócrita se dissesse que não estou sentindo isso neste processo", disse, referindo-se à disputa eleitoral.
Para a senadora, o fato de ser missionária da Assembleia de Deus desde 1997 estaria sendo usado para tachá-la de reacionária:
"Fico triste quando vejo as pessoas acharem que, pelo simples fato de professar a fé cristã evangélica, eu já seria a priori, de forma preconceituosa, uma pessoa limitada, reacionária e conservadora."
Marina foi bombardeada por perguntas de fundo religioso em sabatina da Record News e do portal R7, que pertencem à Igreja Universal. Uma jornalista chegou a questionar se ela orientava as filhas, de 18 e 20 anos, a usar camisinha.
"Não gostaria de expor minha família, mas meus filhos são muito conscientes. São pessoas que têm autonomia em relação ao seu destino, ao seu futuro", respondeu ela.
A candidata voltou a defender a realização de plebiscitos para polêmicas como a liberação do aborto e do uso de drogas. Ela voltou a dizer que "ainda não formou opinião" sobre a adoção de crianças por casais homossexuais, o que tem repetido desde o início da campanha.

BIOTÔNICO FONTOURA
Num momento de descontração, Marina brincou ao responder sobre o uso de drogas, álcool e ayahuasca -o chá do santo Daime, muito difundido na Amazônia:
"Nunca fumei maconha e nunca bebi bebida alcoólica, só Biotônico Fontoura. E nunca tomei o Daime."
A candidata justificou o fato de ter declarado patrimônio de apenas R$ 149 mil ao registrar a candidatura no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Pelas contas dos entrevistadores, ela receberia cerca de R$ 300 mil por ano como senadora, cargo que ocupa há 16 anos.
"Não sou uma pessoa que gasta mal. Quem já passou fome valoriza cada centavo", disse. "Não juntei patrimônio porque ajudo minha família e invisto na educação de meus filhos e sobrinhos."


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