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Evangélica, Marina diz ser vítima de preconceito
"Nunca tomei álcool, só biotônico", afirma
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Única evangélica na corrida presidencial, a candidata
Marina Silva (PV) disse ontem se sentir vítima de preconceito na campanha.
Em tom de desabafo, ela
afirmou ser alvo de "estranhamento" por suas convicções religiosas e relatou um
sentimento de "dor e tristeza" por ser vista por alguns
como fundamentalista.
"Sinto um certo estranhamento das pessoas. Seria hipócrita se dissesse que não
estou sentindo isso neste
processo", disse, referindo-se à disputa eleitoral.
Para a senadora, o fato de
ser missionária da Assembleia de Deus desde 1997 estaria sendo usado para tachá-la de reacionária:
"Fico triste quando vejo as
pessoas acharem que, pelo
simples fato de professar a fé
cristã evangélica, eu já seria
a priori, de forma preconceituosa, uma pessoa limitada,
reacionária e conservadora."
Marina foi bombardeada
por perguntas de fundo religioso em sabatina da Record
News e do portal R7, que pertencem à Igreja Universal.
Uma jornalista chegou a
questionar se ela orientava
as filhas, de 18 e 20 anos, a
usar camisinha.
"Não gostaria de expor minha família, mas meus filhos
são muito conscientes. São
pessoas que têm autonomia
em relação ao seu destino, ao
seu futuro", respondeu ela.
A candidata voltou a defender a realização de plebiscitos para polêmicas como a
liberação do aborto e do uso
de drogas. Ela voltou a dizer
que "ainda não formou opinião" sobre a adoção de
crianças por casais homossexuais, o que tem repetido
desde o início da campanha.
BIOTÔNICO FONTOURA
Num momento de descontração, Marina brincou ao
responder sobre o uso de drogas, álcool e ayahuasca -o
chá do santo Daime, muito
difundido na Amazônia:
"Nunca fumei maconha e
nunca bebi bebida alcoólica,
só Biotônico Fontoura. E
nunca tomei o Daime."
A candidata justificou o fato de ter declarado patrimônio de apenas R$ 149 mil ao
registrar a candidatura no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Pelas contas dos entrevistadores, ela receberia cerca de R$ 300 mil por ano como senadora, cargo que ocupa há 16 anos.
"Não sou uma pessoa que
gasta mal. Quem já passou
fome valoriza cada centavo",
disse. "Não juntei patrimônio porque ajudo minha família e invisto na educação
de meus filhos e sobrinhos."
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