São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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PF vai indiciar contador, afirma advogado

Defensor de Veronica Serra diz que delegado deu a entender que Atella será acusado por uso de documento falso

Para a defesa de Atella, a informação sobre o indiciamento dele no caso "não passa de uma opinião do advogado"


FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
MATHEUS LEITÃO
RANIER BRAGON

DE BRASÍLIA

O principal suspeito da quebra do sigilo fiscal da filha e do genro de José Serra, o contador Antônio Carlos Atella Ferreira, vai ser indiciado pela Polícia Federal sob a acusação de uso de documentos falsos, disse o advogado do casal, Sérgio Rosenthal, após falar com o delegado responsável pelo caso.
Segundo Rosenthal, o delegado Hugo Uruguai, que preside o inquérito sobre as violações, "deu a entender que vai indiciá-lo [Atella]" e tal medida não foi tomada antes porque Veronica Serra e o marido dela, Alexandre Bourgeois, ainda não tinham oficialmente confirmado à PF que Atella usou procurações falsas em nome deles.
Rosenthal também afirmou que vai dar início à uma "investigação paralela" sobre a quebra de sigilo.
De acordo com o defensor, o delegado disse que a quebra do sigilo telefônico de Atella e outros acusados já foi autorizada pela Justiça.
Ontem, Veronica e Bourgeois prestaram depoimento na Superintendência da PF em São Paulo. Eles afirmaram que nunca passaram procurações para Atella e não conhecem os investigados pelas violações.
Em setembro de 2009 o contador apresentou à agência da Receita Federal de Santo André (ABC) procurações com falsos reconhecimentos das firmas de Veronica e Bourgeois e retirou documentos fiscais deles.
Segundo Rosenthal, a filha e o genro de Serra assinaram e escreveram textos em papéis que vão possibilitar à PF começar análises grafotécnicas nas procurações.
O advogado afirmou que, "segundo o delegado Hugo Uruguai, a oitiva de Veronica e Alexandre e a colheita do material gráfico deles vai permitir que o sr. Atella venha a ser responsabilizado pela falsidade documental".
O defensor disse que na investigação paralela serão examinadas publicações na imprensa e na internet para verificar se houve veiculação de dados que só poderiam ser obtidos através da quebra do sigilo das vítimas do caso.
O advogado de Atella, Alexandre Trindade, disse que a informação sobre o indiciamento do contador "não passa de uma opinião do advogado do casal".
A suspeita de que as quebras de sigilo tenham ligação com a produção de um dossiê antitucano levou a PF a tomar o depoimento de dois coordenadores da campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT), o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP).
Segundo Falcão, ele foi ouvido em seu comitê eleitoral há cerca de um mês, na condição de vítima. "Foi uma coisa muito rápida, não durou mais do que cinco minutos e eles fizeram questão de dizer que eu estava sendo ouvido na condição de vítima", afirmou.
O deputado disse que foi questionado apenas se tinha informações sobre grampos em seu telefone, se tinha ouvido conversas sobre vazamentos ou produção de dossiês em um dos escritórios da pré-campanha.
O deputado disse ter respondido negativamente às perguntas. A Folha não conseguiu falar com Pimentel.
O delegado Uruguai não confirma em quais condições os dois foram ouvidos mas diz que eles contribuíram para as investigações.


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