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PF vai indiciar contador, afirma advogado
Defensor de Veronica Serra diz que delegado deu a entender que Atella será acusado por uso de documento falso
Para a defesa de Atella, a informação sobre o indiciamento dele no caso "não passa de uma opinião do advogado"
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
MATHEUS LEITÃO
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
O principal suspeito da
quebra do sigilo fiscal da filha e do genro de José Serra, o
contador Antônio Carlos Atella Ferreira, vai ser indiciado
pela Polícia Federal sob a
acusação de uso de documentos falsos, disse o advogado do casal, Sérgio Rosenthal, após falar com o delegado responsável pelo caso.
Segundo Rosenthal, o delegado Hugo Uruguai, que
preside o inquérito sobre as
violações, "deu a entender
que vai indiciá-lo [Atella]" e
tal medida não foi tomada
antes porque Veronica Serra
e o marido dela, Alexandre
Bourgeois, ainda não tinham
oficialmente confirmado à
PF que Atella usou procurações falsas em nome deles.
Rosenthal também afirmou que vai dar início à uma
"investigação paralela" sobre a quebra de sigilo.
De acordo com o defensor,
o delegado disse que a quebra do sigilo telefônico de
Atella e outros acusados já
foi autorizada pela Justiça.
Ontem, Veronica e Bourgeois prestaram depoimento
na Superintendência da PF
em São Paulo. Eles afirmaram que nunca passaram
procurações para Atella e
não conhecem os investigados pelas violações.
Em setembro de 2009 o
contador apresentou à agência da Receita Federal de
Santo André (ABC) procurações com falsos reconhecimentos das firmas de Veronica e Bourgeois e retirou documentos fiscais deles.
Segundo Rosenthal, a filha e o genro de Serra assinaram e escreveram textos em
papéis que vão possibilitar à
PF começar análises grafotécnicas nas procurações.
O advogado afirmou que,
"segundo o delegado Hugo
Uruguai, a oitiva de Veronica
e Alexandre e a colheita do
material gráfico deles vai
permitir que o sr. Atella venha a ser responsabilizado
pela falsidade documental".
O defensor disse que na investigação paralela serão
examinadas publicações na
imprensa e na internet para
verificar se houve veiculação
de dados que só poderiam
ser obtidos através da quebra
do sigilo das vítimas do caso.
O advogado de Atella, Alexandre Trindade, disse que a
informação sobre o indiciamento do contador "não passa de uma opinião do advogado do casal".
A suspeita de que as quebras de sigilo tenham ligação
com a produção de um dossiê antitucano levou a PF a
tomar o depoimento de dois
coordenadores da campanha
presidencial de Dilma Rousseff (PT), o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP).
Segundo Falcão, ele foi ouvido em seu comitê eleitoral
há cerca de um mês, na condição de vítima. "Foi uma
coisa muito rápida, não durou mais do que cinco minutos e eles fizeram questão de
dizer que eu estava sendo ouvido na condição de vítima",
afirmou.
O deputado disse que foi
questionado apenas se tinha
informações sobre grampos
em seu telefone, se tinha ouvido conversas sobre vazamentos ou produção de dossiês em um dos escritórios da
pré-campanha.
O deputado disse ter respondido negativamente às
perguntas. A Folha não conseguiu falar com Pimentel.
O delegado Uruguai não
confirma em quais condições
os dois foram ouvidos mas
diz que eles contribuíram para as investigações.
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