São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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Candidato é investigado por elo com PCC

O ex-detento Ney Santos disputa vaga como deputado federal pelo PSC e, segundo polícia, tem R$ 100 milhões

Em operação ontem, policiais apreenderam Ferrari de R$ 1,4 mi; bens de suspeito foram bloqueados pela Justiça

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Acusado de usar 15 postos de combustível, a ONG Vida Feliz e uma factoring para lavar dinheiro do crime organizado e financiar sua campanha, o candidato a deputado federal pelo PSC (Partido Social Cristão) Ney Santos é investigado pela Delegacia Seccional de Taboão da Serra (Grande SP) desde junho.
A polícia suspeita que ele tenha ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Para tentar obter votos dos parentes de presidiários ligados à facção, Santos também os ajudaria com cestas básicas e transporte para visitas às prisões nos finais de semana, segundo a investigação.
Policiais cumpriram ontem 13 mandados de busca e apreensão em locais vinculados a Santos e seus "laranjas" -dois parentes, Michele de Souza Lima e Ricardo Luciano Andrade dos Santos, ex-frentistas de seus postos.
Foram apreendidas centenas de caixas com documentos das empresas de Santos e até uma Ferrari, avaliada em R$ 1,4 milhão, uma coleção de relógios importados e máquina de contar dinheiro.
A Justiça também decretou o sequestro de todos os bens do candidato pelo PSC.

VIDA DUPLA
Camisa social, sorriso e o carimbo "ficha limpa" abrem a página de Ney Santos na internet. Nas ruas, um Porsche e uma camionete Mitsubishi L200 são usados para divulgar o nome do candidato.
No site, em que o político promete melhorar a saúde pública, nem sinal do ex-detento Claudinei Alves dos Santos, 30, o Nei Gordo.
No submundo do crime, Santos era Nei Gordo. Após sair da prisão, uma cirurgia de redução do estômago tornou o apelido sem sentido.
Em setembro de 2003, Santos foi preso em flagrante acusado de roubar malotes de uma empresa de valores.
Em primeira instância, Santos foi condenado, ficou dois anos preso, mas acabou absolvido pelo TJ de SP.
Desde então, montou a rede de postos de combustível, comprou mansão de R$ 2 milhões em condomínio fechado e se lançou na política.
Santos juntou em menos de quatro anos um patrimônio de mais de R$ 100 milhões, segundo estima a polícia paulista -e pretende investir 10% do total na corrida por uma vaga na Câmara.
Algumas das suspeitas são que Santos use os postos para vender combustível adulterado com a adição de água para "multiplicar" o produto.
A "laranja" Michele e seu marido, Marcos Pereira Dias, confirmaram ontem à polícia que Santos fez vendia combustível adulterado.
Um dos homens que escolta Santos é um policial civil que pediu férias do Estado para segui-lo.

MILHÕES
A polícia também sabe que recentemente uma rede de supermercados ofereceu R$ 35 milhões para comprar seus postos, mas Santos recusou a oferta -seus postos vendem 5,5 milhões de litros de combustíveis a cada mês.


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