São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Foi o quarto pilar da cultura cinematográfica brasileira

AMIR LABAKI
ARTICULISTA DA FOLHA

Leon Cakoff está morto. A dor de seu desaparecimento é um pouco suavizada quando percebemos o quanto convivemos cotidianamente com a herança dele. A ampliação do espaço no Brasil para os cinemas do mundo, para além de Hollywood, é sua grande marca.
Primeiro, veio o crítico, de gosto eclético e estilo elegante, sobretudo nesta Folha. O tempo depurou-lhe ainda mais a escrita, basta ler suas memórias em "Ainda Temos Tempo" (Cosac Naify, 2006).
Depois, e principalmente, foi a vez da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, nascida em 1977, no MASP ainda sob a batuta de Pietro Maria Bardi.
Num país de frágeis instituições, ainda mais culturais, e sem tradição de grandes festivais cosmopolitas de cinema, surgia um dos grandes encontros anuais no calendário internacional para a produção independente. Isso em plena ditadura, a cuja censura Leon enfrentou até vencer.
Sintonizada com a vanguarda do cinema, a Mostra já nos trouxe, muitas vezes antes da consagração mundial, o melhor da produção europeia pós-cinemas novos, a explosão do cinema independente norte-americano, o cinema de resistência do bloco soviético, os focos irregulares de cinema latino-americano, a escola iraniana, a ascensão do cinema asiático.
A crise do mercado mundial para o cinema de arte tornaram-no distribuidor e logo, exibidor, com o original conceito do Arteplex, em parceria com Adhemar de Oliveira, Patrícia Durães e Renata de Almeida, sua musa e codiretora da Mostra.
À caretice do cardápio fílmico televisivo, respondeu com as obrigatórias temporadas da Mostra na TV Cultura. Leon está entre os quatro grandes nomes da cultura cinematográfica brasileira. Dois foram cineastas, Alberto Cavalcanti (1897-1982) e Glauber Rocha (1939-1981).
Dois, críticos, tornados também produtores culturais: Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977) e Cakoff. Dos quatro, foi ele o único a escrever, editar livros, produzir, dirigir, atuar, difundir, distribuir e exibir cinema.


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