São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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ANÁLISE

Balanço superfatura ações da PF contra o crime organizado

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

O balanço do governo Lula superfatura o número de operações da Polícia Federal contra o crime organizado. O que aparece sob essa rubrica é o total de operações, que inclui categorias que nada têm de crime organizado, como ações contra desmatamento.
Nem a PF se enxerga nos números nem no conceito elástico de crime organizado.
O viés propagandístico sobre a PF é um pecadilho menor numa área em que o governo Lula patinou, apesar dos avanços evidentes.
O maior dos avanços é o aumento dos investimentos feitos pelo governo federal em segurança, área que era tradicionalmente relegada aos governos estaduais. Passou de R$ 950 milhões em 2003 para R$ 3,35 bilhões neste ano (os gráficos oficiais com os dados trocam bilhões por milhões).
Houve também a campanha do desarmamento, um marco histórico na retirada de armas de circulação.
A maior deficiência de Lula na segurança foi a dificuldade de encontrar um programa de segurança que pudesse ser chamado de seu e replicado pelo país afora.
Só na campanha de Dilma, quando o governo Lula já estava nos sete anos e oito meses de existência, é que apareceu a figura salvadora das UPPs (unidades de polícia pacificadora), programa copiado do governo do Rio de Janeiro.
Antes das UPPs, Lula tentara um tal de Território da Paz, um ótimo título de marketing para um programa que prima pela timidez. Num país de 190 milhões de habitantes, só existem 26 desses territórios, os quais atingem 400 mil moradores, segundo dados oficiais nem sempre confiáveis. É um nada comparado ao tamanho que a questão da segurança ocupa na vida das pessoas.
Nas áreas em que atua diretamente, com ações da PF, o governo Lula começou com um ímpeto de passar o país a limpo, à época em que Márcio Thomaz Bastos era ministro da Justiça e os crimes financeiros eram prioritários.
Como muitos petistas e financiadores de campanha caíram nas redes das ações, a PF foi convertida num tigre de papel com dentes de algodão. Sua ação passou a ser mediada pelo viés político.
Em setores em que a política não inibiu a ação da PF, faltou competência e inteligência. Foi o que ocorreu no controle das fronteiras.
O saldo é tão vexaminoso que o governo Lula criou um novo programa para as fronteiras com o uso de aeronaves não tripuladas, algo que não foi experimentado na escala brasileira em lugar nenhum do mundo.


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