São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Com 100% do PMDB, Dilma aprova mínimo de R$ 545

Índice zero de traição será usado por aliado como barganha por cargos federais

Projeto prevê regra fixa para reajuste até 2015; oposição atacou texto que dá a Dilma poder de aumento por decreto

Sergio Lima/Folhapress
Boneco de Dilma inspirado em obra de Romero Brito em ato por
aumento do mínimo no DF


MARIA CLARA CABRAL
RANIER BRAGON
VALDO CRUZ

DE BRASÍLIA

Após forte pressão do Planalto sobre ministros e partidos que disputam cargos do segundo escalão, a presidente Dilma obteve ontem sua primeira vitória legislativa ao aprovar na Câmara o salário mínimo de R$ 545 para 2011 e derrubar propostas de valores mais altos.
Apesar da união inusitada da oposição com as centrais sindicais, a dissidência da base governista foi mínima.
Com apoio de 100% dos deputados do PMDB, o rolo compressor do governo derrubou facilmente as emendas para elevar o valor a R$ 600 (promessa de campanha do PSDB) e R$ 560 (proposta pelo DEM).
Elas foram derrubadas por larga margem: 376 votos a 106, no primeiro caso; e 361 a 120, no segundo.
"Vai ser um trator, o trator da dona Dilma", já dizia o líder do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), minutos antes das votações.
Para virar lei, o mínimo de R$ 545 precisa ser aprovado ainda no Senado, que deve votá-lo na próxima quarta-feira. A expectativa é de uma nova vitória folgada.
Com a necessidade de cortar gastos para conter a inflação, o governo jogou pesado para evitar a aprovação de um valor maior do que os R$ 545. Nos últimos dias, ameaçou tratar como opositores eventuais dissidentes. A estratégia funcionou.
O mapa das votações mostrou que os 77 deputados do PMDB presentes votaram com o governo. O mesmo aconteceu com o PSB.
Por sua vez, aliados, principalmente peemedebistas, já falavam ontem em usar o apoio maciço como barganha na partilha de cargos do segundo escalão.
No PT, houve duas traições. Na oposição, também foram registradas quatro dissidências pró-governo, sendo duas do PSDB.

REGRA ATÉ 2015
A lei aprovada prevê regras fixas para o cálculo do mínimo até 2015 -correção pela inflação, mais o índice de crescimento da economia de dois anos antes
O PPS tentou derrubar um trecho do texto segundo o qual os reajustes devem ser feitos por decreto presidencial, sem passar pelo Congresso Nacional.
Esse ponto foi duramente criticado pela oposição. A emenda, porém, foi derrubada, também por maioria.
De acordo com o governo, 47,7 milhões de trabalhadores têm os salários calculados com base nas regras do mínimo, entre trabalhadores formais e informais (29,1 milhões) e beneficiários da Previdência (18,6 milhões).
Durante a votação, representantes das centrais vaiaram petistas, tradicionais aliados, entre eles o ex-presidente da CUT Vicentinho (PT-SP). Relator do projeto, ele foi chamado de "traidor".
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, disse que a disputa continua no Senado. "A avaliação de Dilma vai cair drasticamente", disse.
Deputado mais votado no país, Tiririca (PR-SP) votou a favor do salário de R$ 600, minutos depois de dizer que votaria pró-governo. "Ih, então eu votei não [aos R$ 600] e saiu sim", disse.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Análise: Aliados cedem a apelos enfáticos que vieram da Presidência
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.