São Paulo, domingo, 17 de abril de 2011

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Dilma mantém segundo escalão quase inalterado

Maioria dos 1.336 funcionários comissionados entrou no governo com Lula

Com dificuldade para administrar demandas de aliados, presidente indicou somente 131 nomes novos até agora


BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

Há quase quatro meses no comando da caneta responsável pelas nomeações dos disputados cargos de confiança do governo federal, a presidente Dilma Rousseff só renovou de fato 9,8% do segundo escalão herdado de Luiz Inácio Lula da Silva.
Levantamento da Folha mostra que, de 457 nomeações assinadas desde 1º de janeiro por ela ou pelo ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para os três mais altos níveis de cargos de confiança -os de natureza especial, como secretários-executivos, e os DAS 5 e 6, como assessores dos ministros-, apenas 131 são de pessoas que não participaram do governo Lula.
Ao todo, a administração federal tem 1.336 cargos de níveis 5 e 6 e de natureza especial, segundo dados do Ministério do Planejamento. Em tese, portanto, Dilma tem pela frente quase 900 cargos a serem ajustados.
A demora na formação do segundo escalão foi uma das marcas da gestão da presidente nesses primeiros meses. A razão central é a dificuldade de acomodar, no tabuleiro político do governo, os interesses dos partidos que garantem a sustentação de Dilma no Congresso.
Um dos cargos mais disputados é a presidência da Funasa, controlada pelo PMDB no governo Lula, e que agora se encontra sob influência do PT, que passou a comandar o Ministério da Saúde com Alexandre Padilha.
As maiores renovações de cargos obedecem a uma lógica simples: onde houve troca de partido no comando, as mudanças são mais fortes.
No Ministério da Integração Nacional, o PMDB de Geddel Vieira Lima -reacomodado numa diretoria da Caixa Econômica Federal- deu lugar ao PSB do governador Eduardo Campos (PE).
Apadrinhado por Campos, Fernando Bezerra, ex-prefeito de Petrolina (PE), assumiu o ministério e liderou a maior renovação até aqui -11 caras novas, a maioria, do PSB de Pernambuco.
Na Saúde, agora zona de influência petista, o fenômeno é o mesmo. Apesar de ter carregado boa parte da equipe que o acompanhava na Secretaria de Relações Institucionais no governo Lula, Padilha acomodou nove aliados, sacrificando o PMDB.
O mesmo ocorre na Previdência Social, que ganhou sotaque potiguar. Ex-presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) levou para seu segundo escalão assessores que já o acompanharam no governo do Rio Grande do Norte e na sua gestão no Senado.
Uma exceção foi o Ministério das Comunicações, agora com o PT de Paulo Bernardo, depois de oito anos sob influência do PMDB.
Foram feitas 18 nomeações para cargos de segundo escalão. No entanto, apenas três estão trabalhando no governo pela primeira vez. O resto foi fruto de uma rearrumação de peças, a maioria egressa do Ministério do Planejamento, que era comandado por ele desde 2005.
Como dois deles são da diretoria dos Correios, apenas um nome é efetivamente novo nas Comunicações: Lygia Pupatto, ex-secretária de Ciência e Tecnologia do Paraná e candidata derrotada a deputada estadual pelo PT. Ela comandará a futura Secretaria de Inclusão Digital.


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